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27 de Julho de 2018 – 15h35 horas / Folha de S. Paulo

Quatro em cada dez mortes em acidentes de trânsito nas cidades da Grande SP, excetuando-se a capital, ocorreram em rodovias. Levantamento feito pelo jornal Agora, com base no Infosiga, do governo estadual, mostra que, de 2015 até junho deste ano foram 3.254 casos, sendo 1.207 nas estradas.

 

Cortada por Fernão Dias, Presidente Dutra e Ayrton Senna, Guarulhos foi a cidade com o maior número de mortes no período (204). Entre as rodovias que aparecem identificadas no Infosiga, o destaque negativo ficou com a Régis Bittencourt, responsável por 171 casos.

 

O trânsito mata nas estradas principalmente adultos jovens do sexo masculino (18 a 39 anos), que correspondem a quase metade das vítimas. No geral, homens são praticamente 8 em cada 10 vítimas.

 

Não só quem está no veículo morre nos acidentes. Quatro em cada dez mortes foram de pedestres, e um quarto dos mortos era motociclista.

 

Os acidentes fatais ocorrem principalmente no período noturno e na madrugada, com 6 em cada 10 casos.

 

O fim de semana é o período mais perigoso. Quatro em cada dez (41,5%) mortes em acidentes ocorreram aos sábados e domingos.

 

SEGURANÇA

Capitão do 1º Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual, Milton Ossamu Yuki afirma que foram indicados alguns pontos como os principais causadores de mortes no trânsito. Entre eles, a presença de pedestres nas rodovias.

 

“Há muitas pessoas que morrem atropeladas a 100 metros de uma passarela. Criamos algumas ações em parceria com concessionárias. A Ecovias [concessionária], por exemplo, oferece café da manhã nas passarelas para atrair a atenção dos pedestres”, diz.

 

Outro ponto tem chamado a atenção da polícia nas rodovias. “Em 2017, incluímos o celular como um dos problemas. Virou epidemia. A falta de atenção é causada pelo uso do aparelho e já acionamos os batalhões para que façam a fiscalização”.

 

Imprudência e inexperiência são os motivos para o grande número de mortes entre adultos jovens, segundo o capitão.

 

SEM SURPRESA

Para o especialista em tráfego Creso de Franco Peixoto, o alto número de mortes nos trechos de rodovia que passam pelas cidades da região metropolitana de São Paulo não é nenhuma surpresa.

 

“Infelizmente é o que se esperaria com alguns fatores, como alto índice de motorização na região da Grande São Paulo, a falta de controle de velocidade em trechos mais curtos de algumas rodovias, a sensação de que na rodovia você pode acelerar mais e a percepção dos motoristas de que bebem e dirigem bem”, analisou o professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana).

 

Segundo ele, é preciso rever os radares. “A fiscalização por radares se esgotou. Precisamos de modelo de controle de radar por espaço”, afirmou. Neste modelo, aparelhos calculam se o condutor excedeu velocidade média pelo tempo que levou entre um ponto e outro.

 

“O motorista que usa trechos curtos de rodovia, tem o comportamento do motorista urbano. E é um comportamento muito perigoso, e em rodovias é mortal, com velocidade maior do que em área urbana. E a velocidade elevada falseia a percepção do pedestre, que acaba sendo atropelado. Em área urbana é preciso uma quantidade enorme de passarelas”, ponderou o engenheiro de tráfego Sérgio Ejzenberg.

 

RESPOSTA

No período citado pela reportagem, entre 2015 e 2017, a Arteris diz que registrou redução de 13% no número de mortes (96 para 83) em todo o trecho da rodovia Régis Bittencourt, de São Paulo a Curitiba (PR) e que isso é foco de ações permanentes com foco em segurança viária.

 

Segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), sob gestão Márcio França (PSB), até o fim de maio de 2018 foram registradas 1.492 ocorrências. No mesmo período de 2017 foram 1.576 acidentes. Segundo o órgão, houve queda de 5,3% no número de acidentes.


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