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08 de Junho de 2017 – 11h24 horas / Folha de S. Paulo

As rodovias estaduais de SP estão há mais de dois anos sem radares inteligentes fixos, aqueles conhecidos como "dedo-duro". Além de fiscalizar a velocidade, esses aparelhos conseguem ler placas de todo o país e detectar veículos roubados ou com licenciamento atrasado.

 

A ausência dos equipamentos ocorre após a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) ter elencado como uma de suas prioridades a implementação de sistemas inteligentes de segurança no Estado.

 

Acontece também em meio a uma disparada no número de roubos de carga, um dos crimes que podem ser descobertos com a ajuda desse sistema. Foram 3.546 casos nos primeiros quatro meses deste ano, contra 2.929 no mesmo período do ano passado –uma alta de 21%.

 

Entre 2010 e 2015, a fiscalização de 24 das principais estradas de São Paulo, como Raposo Tavares, Castello Branco, Bandeirantes e Anchieta-Imigrantes, era feita por 42 radares inteligentes fixos. Em abril daquele ano, porém, o contrato com as operadoras venceu, e a gestão Alckmin desativou todos eles.

 

Sobraram apenas os equipamentos portáteis, usados por policiais militares rodoviários dentro do carro ou em tripés à beira das vias.

 

Os aparelhos encostados possuem tecnologia OCR (sigla em inglês para reconhecimento ótico de caracteres). Eles identificam a placa do veículo, consultam bancos de dados estaduais e nacionais –como os da polícia e do Detran (Departamento de Trânsito de SP)– e enviam em poucos segundos informações para as bases policiais, que podem abordar o motorista logo em seguida.

 

Segundo Julyver de Araujo, professor de legislação de trânsito, a função desses dispositivos é facilitar a seleção dos veículos para fiscalização. "Quando o policial está na via, não tem como saber, de forma tão rápida, se aquele veículo é roubado ou está com licenciamento atrasado", diz.

 

Com o desligamento desses aparelhos, a promessa de Alckmin de monitorar carros com queixa de roubo ou furto por meio de um sistema inteligente ficou com uma lacuna nas rodovias.

 

Nos municípios, foram implementadas desde 2014 cerca de 3.000 câmeras de monitoramento integradas ao sistema Detecta, que identifica esse tipo de caso consultando diversas bases de dados. No entanto, quando criminosos fogem com um carro roubado pelas estradas, por exemplo, têm agora menos chances de serem descobertos.


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