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29 de Janeiro de 2015 – 04h13 horas / G1

A maior causa de mortes nas três estradas mais movimentadas do Brasil não é acidente de carro, é atropelamento A cada três dias uma pessoa morre. Boa parte dessas mortes poderia ser evitada simplesmente com o uso de passarelas.

Como se estivesse atravessando uma rua, um homem cruzou a Rodovia Fernão Dias. Para chegar ao outro lado, ele teve que escalar o muro que separa os dois sentidos e ainda passou entre os carros. Todo esforço foi só para não andar até a passarela.
Onde tem casa, onde tem comércio tem gente na estrada. No ano passado, 273 pessoas foram atropeladas e 122 morreram nas três rodovias federais mais movimentadas do Brasil: Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais, via Dutra, que vai de São Paulo para o Rio e Régis Bittencourt, principal caminho para o Sul do Brasil.

No ano passado, 14 pessoas foram atropeladas na rodovia Régis Bittencourt. Quatro morreram. O trecho mais perigoso fica na Grande São Paulo, entre as cidades de Taboão da Serra e Itapecerica.

Mas algumas ações estão fazendo esses números diminuírem. Um balanço divulgado este mês mostrou que na Régis Bittencourt, o numero de acidentes diminuiu mais de 18% (18,4%), mas os atropelamentos continuam sendo a principal causa de morte.

Só no ano passado 52 pessoas perderam a vida. O eletricista de automóveis, Manuel Apolínário dos Santos, eletricista, reluta, mas usa a passarela. “Mas a gente que tem que sair de lá da entrada onde a gente mora, tem que vir pegar a passarela aqui embaixo para poder atravessar do outro lado”, fala Apolinário.

A concessionária instalou grades para evitar que atravessem debaixo das passarelas, mas onde não tem muitos se arriscam. “Muitas vezes ele fica no acostamento aguardando um espaço para cruzar em frente aos carros, dependendo da hora parte da tarde acaba ficando de oito a dez minutos aguardando uma brecha”, diz o gerente Autopista, Francisco Pires de Oliveira.

“E tem que a fazer duas transposições na verdade. Transpor a primeira parar no canteiro central, muitas vezes se equilibrando nesse alambrado, pular, transpor e fazer a segunda transposição na outra pisa. Muitas vezes o tempo que ele espera pra ter esse espaço e cruzar as duas pistas ele faria essa travessia segura porque como eu disse para você usar passarela gasta entre cinco e oito minutos”.

A Dutra tem o maior índice de atropelamentos do país. Em Arujá, na Grande São Paulo, correr o risco ainda é a única opção para os pedestres. Só em um trecho foram 16 mortes em sete anos.

Há 16 anos os moradores estão pedindo uma passarela. A concessionária respondeu que a decisão era do Governo Federal. Em 2012 foi a vez da Câmara Municipal de Arujá fazer o pedido, e a resposta foi que não havia previsão para a construção de uma passarela.

No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal entrou na discussão para dizer que naquele trecho precisa sim de mais segurança para os pedestres. Á espera de uma solução os moradores veem amigos e parentes morrerem. Há 26 anos o comerciante Aureliano Júnior, perdeu o pai e há oito meses, uma funcionária.

“Perigoso, perigoso. Eu mesmo já levei dez minutos para atravessar essa rodovia. Precisa de uma passarela urgente. Uma necessidade extrema”.

A ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, disse que não existe previsão para a construção da passarela no trecho da rodovia Dutra, mencionado na reportagem e que qualquer obra tem impacto na tarifa do pedágio. A ANTT informou ainda que devido à dimensão do problema, pode considerar a construção de uma passarela no local.


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