Compartilhe
25 de Outubro de 2017 – 04h51 horas / Misasi Relações Públicas

O Rio de Janeiro vive um forte clima de insegurança, com o aumento da criminalidade impulsionado principalmente pelo roubo de cargas. Recentemente, o crime organizado passou a usar o roubo de carga como uma alternativa mais rentável e menos arriscada ao tráfico de drogas. Assim, as empresas passaram a enfrentar um verdadeiro cenário de guerra para conseguir realizar o frete dos seus produtos.

 

De acordo com dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no ano passado os prejuízos com roubos de cargas no Brasil chegaram a R$ 1,4 bilhão. Ao todo, foram 22.547 ocorrências. Só no Rio de Janeiro foram 9.870 casos, o que representa 43% do total de cargas roubadas. O Estado ficou atrás apenas de São Paulo, com 9.943 casos.

 

No acumulado entre 2011 e 2016, foram registrados 97.786 casos de roubos de carga no país. Esses números representam um prejuízo estimado aos empresários de R$ 6,1 bilhões. Já em 2017, de janeiro a agosto, São Paulo registrou 7.282 ocorrências, enquanto o Rio de Janeiro teve 5.769 casos.

 

De acordo com Ricardo Guirao, diretor de Transportes da Aon Brasil, para combater esse problema é preciso melhorar toda a cadeia do transporte. “Os empresários, em muitos casos, passam a realizar ações pontuais como arcar com os custos adicionais de segurança, escoltas armadas e monitoramento via satélite”, afirma.

 

“Além de gerar passivos enormes, essas medidas não têm sido suficientes, principalmente pela sofisticação das táticas dos assaltantes e seu poderio bélico. O que mostra a necessidade de melhorar a cadeia do transporte como um todo”, reforça o executivo.

 

O Rio de Janeiro é o único estado do Brasil em que os transportadores cobram uma taxa adicional de entrega, denominada EMEX (Taxa de Emergência Excepcional). A tarifa foi criada para garantir novos processos de segurança ao embarque e tentar minimizar os riscos.

 

Por conta do alto risco envolvido, as seguradoras passaram a tomar providências internas para se proteger e manter a sinistralidade das apólices de seus clientes equilibrada. “Algumas mudanças estão acontecendo no desenho das apólices, tornando as taxas mais elevadas. Em alguns casos, elas podem até triplicar o valor das notas. Em outros desenhos, menos flexíveis, as franquias de participação nos sinistros são aumentadas”, explica.

 

Além disso, o cenário de insegurança cria uma rigidez nos planos de gerenciamento de risco para o trânsito de cargas no Rio de Janeiro. “Os problemas incluem proibições de circulação em algumas áreas de extremo risco e de viagens noturnas”, comenta Guirao. “Em alguns casos extremos, as seguradoras estão declinando a cobertura de mercadorias mais visadas, como alimentos, celulares, eletrônicos, higiene e limpeza”, complementa.

 

O diretor da Aon também diz que o momento é um dos mais desafiadores para o mercado de seguro. “As consultorias e os departamentos de gerenciamento de risco das seguradoras nunca foram tão acionadas e desafiadas. Por isso, essas empresas precisam buscar novas estratégias eficazes contra a criminalidade e, ao mesmo tempo, reduzir os valores gastos com segurança”, esclarece.

 

Em um levantamento sobre a perspectiva Global de Riscos para o ano de 2017, o Brasil está ranqueado como o 8º país com o maior índice de insegurança no mundo, ficando atrás somente dos países em guerra, como Síria e Afeganistão. O principal motivo para esse resultado é o risco do roubo de carga.

 

“Esses números retratam um cenário assustador para todos nós, principalmente pela falta de perspectivas de mudança, por conta das incertezas do cenário político atual. Tudo isso acumulado com anos de falta de investimento e medidas de segurança eficientes que façam frente à criminalidade cada vez mais preparada e organizada”, afirma Guirao.

 

A situação de insegurança não é exclusiva do Rio de Janeiro. “O momento é de alta sinistralidade em todo Brasil e reforça a importância de contratar um pacote de seguros eficiente e completo, que conte com também com uma boa consultoria de gerenciamento de risco”, aponta. “Essas duas ferramentas têm trazido um conforto maior para as empresas frente ao descontrole e aumento dos roubos”, complementa.

Gerenciamento de riscos dentro de casa


Ricardo Guirao esclarece que para ajudar seus clientes a se preparar melhor, a Aon busca trazer o maior número possível de informações, de órgãos públicos e privados. “Para realizar uma boa consultoria, mantemos nossos clientes sempre muito bem informados sobre o que tem ocorrido no Brasil, principalmente em relação às particularidades de cada estado”, explica.

 

Essas informações não são somente sobre a criminalidade, mas também sobre os desafios e mudanças ocorridas no seguro de transporte de cargas. “Sempre estamos fazendo reuniões periódicas para discutir os assuntos relativos ao tema”, afirma.

 

Por fim, o executivo diz que o gerenciamento de riscos depende de uma transformação cultural na sociedade. “As seguradoras e corretoras não conseguem realizar mudanças sozinhas. Todos os envolvidos no processo de transporte, como embarcadores, transportadores, seguradoras, corretoras e empresas de gerenciamento de risco precisam estar cientes da sua importância nessa cadeia de prevenção”, conclui.


voltar