Baixo nível de atividade e lento crescimento marcam a recuperação econômica no Brasil
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23 de Novembro de 2018 – 13h57 horas / CNT

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) divulgou, na terça-feira (20), a nova edição do boletim Conjuntura do Transporte. O documento analisa os resultados da economia do Brasil e do setor de transporte, os impactos da política de precificação dos combustíveis adotada pelo governo federal e as projeções do desempenho do Brasil para os próximos meses. Segundo a análise da Confederação, os resultados da economia brasileira ainda estão aquém do necessário para que se retome uma trajetória sustentada de desenvolvimento e de expansão da economia.

 

Os dados compilados pelo boletim apontam que a economia avançou a uma taxa média de 1,1% nos últimos seis trimestres, o que denota o ritmo vagaroso de crescimento. Isso limita a demanda por serviços de transporte e faz o setor também apresentar baixos níveis de atividade.

 

Na avaliação da CNT, “o país está num círculo vicioso, no qual entraves de natureza estrutural, conjuntural e circunstancial, combinados, reforçam a dinâmica de relativa inércia no desempenho do PIB”. Para mudar essa lógica e permitir que o país retome uma trajetória de crescimento que se sustente ao longo do tempo, a Confederação Nacional do Transporte defende a criação de um programa de investimentos em infraestrutura. Para tanto, é importante solucionar dificuldades reconhecidas, como a restrição fiscal, o adiamento de investimentos das empresas e incertezas nos programas de concessões.

 

“De acordo com o Plano CNT de Transporte e Logística 2018, o Brasil demanda aportes da ordem de R$ 1,7 trilhão só na área de infraestrutura de transporte. Esses aportes podem e devem ser realizados em parceria com a iniciativa privada, porém, o Estado também tem um papel importante a cumprir, viabilizando diretamente, por exemplo, projetos com alto benefício social e baixo retorno financeiro”, diz o Conjuntura do Transporte.

 

Paralisação e preços de combustíveis

Ainda conforme a análise da CNT, a paralisação dos caminhoneiros, ocorrida no fim de maio, teve impacto pontual sobre o PIB (Produto Interno Bruto), uma vez que o desabastecimento ocasionado pelo movimento ocorreu em um intervalo de dez dias.

 

Entretanto, as medidas emergenciais adotadas pelo governo federal em resposta à paralisação (de cunho regulatório e político-econômico) causaram impactos mais abrangentes, “alterando a estrutura de custos da economia, o planejamento empresarial e o processo de tomada de decisão das firmas para o médio e longo prazos”. Entre elas, esteve o congelamento do preço do diesel, que chegou ao fim no dia 31 de agosto. Desde então, a CNT observa que o preço médio do combustível voltou a apresentar tendência de elevação acelerada. Na semana de 4 a 10 de novembro, por exemplo, os preços chegaram a R$ 3,69 na bomba dos postos, aproximando-se do patamar de pico observado na semana de 27 de maio a 2 de junho.

 

“Diante desses indicadores, o que se apreende das medidas adotadas pelo governo federal é que elas foram concebidas em caráter emergencial, priorizando resultados de curtíssimo prazo, sem, no entanto, dotar o país de uma política sustentada de precificação de combustíveis, capaz de estabilizar e dar transparência à trajetória de longo prazo dos preços e, ao mesmo tempo, assegurar a saúde financeira, otimizar a gestão e promover a competitividade da Petrobras. Sem esses fundamentos, o ambiente no país ainda é de forte incerteza quanto às diretrizes que deverão pautar a formação de preços dos combustíveis no futuro”, avalia a Confederação.


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