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22 de Abril de 2015 – 10h11 horas / A Tribuna

O projeto dos novos acessos rodoviários ao Porto de Santos terá de passar por ajustes, após o incêndio que atingiu os tanques da Ultracargo, no Distrito Industrial da Alemoa, defende a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária de Santos. O estudo dessas obras é desenvolvido pela Dersa e prevê ainda a remodelação da entrada da Cidade. Suas intervenções serão feitas a partir de uma parceria entre União, Estado e Prefeitura.

A Docas percebeu a necessidade de mudar esse projeto devido aos problemas viários enfrentados durante o combate ao incêndio na unidade da Ultracargo, que ocorreu entre os dias 2 e 10. Nesse período, o Viaduto da Alemoa e a Avenida Augusto Barata (Retão da Alemoa), que integram o único acesso rodoviário aos 38 terminais da Margem Direita do complexo marítimo, ficaram bloqueados. Como alternativa, os caminhões passaram a usar vias urbanas para chegar à zona portuária. Mas essa opção acabou restrita ao período das 22 às 4 horas.

Devido aos bloqueios e à falta de opções viárias à Margem Direita, especialistas estimam que cerca de 22,5 mil caminhões deixaram de acessar o cais santista nesses nove dias. Isto tornou ainda mais evidente a necessidade de melhorias nos acessos ao cais santista, que já era uma unanimidade entre empresários e autoridades.

Mas após o incêndio, ao analisar a parte portuária do projeto em elaboração pela Dersa, a Codesp concluiu que ela não elimina completamente o problema. O motivo é que esse estudo – que custa R$ 15 milhões, divididos entre a estatal e o Governo do Estado – contempla, na região do complexo marítimo, apenas a ampliação da capacidade de tráfego do acesso já existente (o Viaduto da Alemoa). Não está previsto um novo caminho às instalações da Margem Direita.

Essa melhoria na capacidade viária do atual acesso ao Porto foi idealizada para eliminar os gargalos enfrentados pelo tráfego de caminhões na entrada da Cidade. Ela envolve duas obras, que vão custar cerca de R$ 700 milhões. Haverá a construção, pela União, de uma alça no Viaduto da Alemoa a ser destinada aos caminhões que seguem da Rodovia Anchieta com destino ao cais. A ideia é que os veículos não precisem passar da faixa da direita para a da esquerda antes de acessar a passagem.

Com essa intervenção, os caminhões que descem o Viaduto da Alemoa, com destino à Rodovia Anchieta, não precisarão acessar a alça existente. Com isso, também não será necessária a troca de faixas.

Também foi projetada a implantação de um segundo viaduto de acesso ao Porto. Ele ligará o Retão da Alemoa ao viaduto original. Isso eliminará a rotatória na via e os caminhões que estiverem saindo do Porto terão como opção todas as faixas da Avenida Augusto Scaraboto (continuação do viaduto na Alemoa).
Distrito Industrial

O estudo global da Dersa ainda prevê outras grandes intervenções, que serão viabilizadas pela Prefeitura e pelo Estado. Entre as obras a cargo do Governo de São Paulo, está a construção de um acesso para os caminhões que chegam da Rodovia Anchieta e têm como destino o Distrito Industrial e Portuário da Alemoa.

Conforme o projeto, será erguido um viaduto na rodovia antes do Rio Casqueiro. Esse novo acesso até irá melhorar o tráfego de caminhões com destino ao Porto – ele deve absorver 30% do fluxo que hoje utiliza o Viaduto da Alemoa. Mas os veículos de carga ainda vão depender do Retão da Alemoa para chegar às demais instalações da Margem Direita.

“Evidentemente, se esses sete projetos estivessem hoje implementados, eles dariam uma nova cara, uma nova mobilidade à região. Em função do (incêndio) que ocorreu, não descarto a possibilidade de fazer alguns ajustes nesses sete projetos no sentido de ver a questão da segurança das áreas que estão ao redor. Não vejo nenhuma dificuldade e acho que é o momento de fazer um ajuste em um dos sete ou em dois, naquilo que as partes entenderem oportuno”, destacou o diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da Codesp, Paulino Moreira Vicente.

Para o executivo, esta é a hora de realizar os ajustes pois os projetos ainda estão sendo executados. “É necessário colher experiência para aperfeiçoar” as obras, disse.

O ministro dos Portos, Edinho Araújo, aposta na “harmonização dos interesses” para que seja encontrado o melhor projeto viário. “Agora, é buscarmos o que a Cidade deseja, o que é bom para a Cidade, e o que é bom para o Porto. Nós temos que ter essas duas visões e procurar compatibilizar obras que atendam a esses dois interesses, que é o ir e vir das pessoas, do comércio, da indústria, dos profissionais liberais, e a questão da produção, que é a importação e sobretudo a exportação, que passa por Santos. Portanto precisamos agora saber, elencar, quais são essas obras”, afirmou o titular da Secretaria de Portos.


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