Como traçar uma carreira de sucesso em empresas de transporte
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01 de Março de 2017 – 05h00 horas / CNT

O setor de transporte demanda uma especialização cada vez maior dos profissionais, em razão de fatores como os diferentes segmentos de negócio, normas regulatórias e um mercado competitivo. As empresas buscam equipes preparadas para ajudar as organizações lidar com esse cenário e obter resultados sempre melhores.

 

Em entrevista à Agência CNT de Notícias, para a série Futuro do Transporte, a gerente executiva de Programas de Especialização e MPA (Mestrado Profissional em Administração) da FDC (Fundação Dom Cabral) explica como jovens profissionais podem se preparar para encarar esses desafios com competência e desenvolver a carreira no setor. Silene Magalhães também fala sobre a contribuição que jovens gestores e líderes podem dar às organizações que atuam com o transporte.

 

Como um profissional que quer se preparar para ser gestor de uma empresa deve planejar a sua qualificação?

 

Acredito que são necessários alguns passos ao profissional para planejar sua qualificação. Primeiro, que tenha clareza das suas habilidades, forças, fraquezas e, sobretudo, o direcionamento que quer dar a sua carreira, seja ela mais técnica, mais gerencial ou acadêmica. Conhecer-se é o primeiro passo para buscar a sua qualificação. O segundo passo é o de traçar metas de curto, médio e longo prazos. Busque diferenciais para sua atuação de acordo com as demandas do mercado atual e, sobretudo, da empresa ou organização em que você atua. Por fim, mantenha-se atualizado, por meio de de mecanismos formais ou informais. Aprenda a aprender e a ensinar. Os requisitos mínimos para uma função gerencial foram e estão em constante ampliação. Para atuar no setor de transporte, aprofunde-se no tema. Complementar a essa postura graduação e pós-graduação são mandatórios, bem como um segundo ou terceiro idioma fluente. Agregue ao seu conhecimento outras habilidades como capacidade reflexiva, inovação e criatividade, trabalho em equipe e resiliência.

 

Há requisitos importantes para que a pessoa possa traçar uma carreira de sucesso nessa área?

 

Conhecimento técnico, habilidades gerenciais e comportamentais são essenciais. A Fundação Dom Cabral realizou recentemente uma pesquisa no setor de transporte, que mapeia as principais demandas do setor na busca por mão de obra. O levantamento tem dados bastante interessantes e retrata o que o empregador do setor busca dos profissionais. Os principais requisitos são proatividade, orientação para resultados e capacidade de trabalhar em equipes.

 

Quais os desafios que enfrenta quem opta por esse caminho profissional?

 

Manter-se atualizado é um deles. A evolução e transformação tecnológica já chegou ao setor de transporte e está exigindo cada vez mais das pessoas, seja em funções gerenciais ou operacionais. No passado, para trabalhar como caminhoneiro, apenas ser um bom motorista era suficiente. Hoje, o requisito tecnológico é indispensável, além de aspectos comportamentais e éticos.

 

A preparação deve ser bem especializada quando se trata do setor de transporte?

 

Sim. As decisões ultrapassam o contexto de custos operacionais, o equilíbrio entre planejamento de curto e longo prazos, o entendimento correto da demanda, a visão ampliada e sem fronteiras do mundo e a evolução tecnológica, já citada anteriormente.

 

O que os profissionais mais jovens podem oferecer para a empresa, quando se fala de cargos estratégicos na corporação? O que agregam numa empresa?

 

Existe uma grande discussão sobre o equilíbrio entre várias gerações numa organização, seus riscos e oportunidades. Na minha opinião, o segredo está em aprender o que existe de melhor em cada uma dessas gerações. Jovens são sempre bem-vindos. Trazem ideias novas, novas formas de comunicação, questionamentos éticos e morais impensáveis para gerações mais velhas. Entretanto, muitas vezes são aflitos e afoitos. Gestão necessita de equilíbrio e capacidade crítica apurada. Combinar conhecimentos e experiência com novos talentos e novas ideias pode ser uma alavanca para as organizações.

 

E quais são os erros que tendem a cometer?

 

Desprezar o conhecimento existente, não conhecer a cultura da empresa, acreditar que conhecimento teórico é mais relevante do que habilidades comportamentais e, sobretudo, pressa.

 

As empresas devem apostar no desenvolvimento de lideranças internamente?

 

Sim, mas não apenas. Sangue novo renova as organizações. O desenvolvimento interno de líderes e gestores é um bom investimento a ser feito. Muitas organizações e empresas investem na formação e capacitação dos seus quadros de funcionários com resultados muito tangíveis e de longo prazo. Algumas companhias contratam profissionais e ou empresas de desenvolvimento de executivos para esta tarefa, para agregar uma visão mais crítica e produtiva do processo de desenvolvimento. A FDC é constantemente parceira de empresas e instituições nesta tarefa. Atualmente temos uma experiência muito rica, que é o Programa de Especialização em Gestão de Negócios para o setor de transporte, patrocinado pelo SEST SENAT através do ITL (Instituto de Transporte e Logística), que oferece aos diversos modais a possibilidade de formar especialistas em gestão para o setor de transporte. 

 

O que define um bom líder?

 

Existem milhões de receitas e dicas para de definir o bom líder. Algumas que posso citar: autoconhecimento (é preciso se conhecer para saber as suas potencialidades); espírito de equipe (mais do que liderar, você precisar fazer parte do propósito dos ganhos e perdas da equipe que lidera); comunicação (conte suas histórias, ouça, pergunte e demonstre interesse pelos seus liderados; seja franco e gentil, e também aceite sugestões e críticas); versatilidade e flexibilidade (características e habilidades necessárias para enfrentar as oscilações e mudanças do mundo dos negócios); honestidade, ética e justiça (isso constrói relações duradouras e elimina surpresas).

 

Por que é importante pensar estrategicamente a administração de uma empresa de transporte, em suas diferentes áreas?

 

O setor de transporte, assim como qualquer outro no atual mundo dos negócios, está inserido em um mundo que chamo de "Ambiente VUCA" – Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo. O transporte, em especial no Brasil (pela extensão territorial), é um tema estratégico e deve ser gerido como tal.


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