Confiança e Segurança na Cadeia Logística
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06 de Julho de 2016 – 04h38 horas / Daniel Gobbi Costa

Seguramente, muitos de vocês conhecem vários casos de empresas que se negaram a falir, algumas inclusive para isto se opondo ao seu propósito de existência. As empresas podem às vezes mimetizar características próprias dos sistemas vivos: uma vez que nascem, logo assumem como seu o primeiro objetivo persistir.

 

As empresas são sistemas abertos, sua existência e desenvolvimento dependem da manutenção da eficiência na interação com o ambiente ao seu redor. O risco é um componente natural deste ambiente e, embora os especialistas em Security – pela própria natureza da sua profissão – mantenham a pretensão de erradicar o risco, muito frequentemente o êxito das empresas está associado à aceitação de maiores riscos.
Aceitar riscos implica em conhecê-los e avaliar o quanto é conveniente estabelecer controles sobre eles.

 

O controle nas empresas pode ser somente uma miragem, quando não se tem claro na mente como os processos podem ser caóticos dentro das empresas, se abandonados à própria sorte.

 

Para esclarecer esta última ideia, deixe-me contar uma estória conhecida no mundo dos negócios:
O Japão tem uma extraordinária tradição culinária de comer peixe cru, e peixe cru para ser bom deve ser fresco. A pesca artesanal é uma garantia de que o peixe estará fresco quando chegar no porto, o que não ocorre com a pesca industrial. Porém, para ser rentável, a pesca deve operar em águas profundas – longe da costa – e assim é necessário transportar os peixes de volta para a costa.

 

O produto congelado foi uma primeira solução de armazenamento; no entanto, o exigente paladar japonês logo reconheceu a diferença deste em relação ao peixe fresco. Sugeriu-se uma alternativa: a movimentação dos peixes vivos em tanques dentro dos navios. Entretanto, a melhora não foi suficiente, e muitos peixes morreram. Alguém teve a ideia de colocar no tanque um tubarão. O resultado foi surpreendente: embora alguns peixes foram comidos pelo tubarão, a grande maioria chegou em muito bom estado, verdadeiramente vivos.

 

Recentemente, em uma conversa com amigos, ouvi a seguinte frase: “A segurança plena (objetiva) é o “sonho da razão”. O nível de segurança é o que faz a diferença”. A security é uma construção mental, sua prática profissional deve gerar certezas e garantias a partir de boas práticas, que aplicamos para evitar danos – não a partir de uma adivinhação do futuro, nem pela criação de falsas expectativas, nem pela promoção do medo.

 

Do ponto de vista de security, nossas empresas, para assegurar sua existência, devem preservar seus recursos críticos, assegurar a continuidade operacional de seus processos críticos e proteger o seu prestigio, mantendo a confiança das partes críticas interessadas (clientes, fornecedores, parceiros, investidores e outros), entendendo que esta última é a moeda de troca para persistir no negócio.
Hoje todos buscamos estabelecer e manter relações com parceiros comerciais que inspirem confiança, mesmo que –  em matéria de security – isso possa implicar na demonstração de conformidade com padrões internacionalmente aceitos.

 

A respeito disto, comento sobre a implementação do Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA) – ou ainda sobre a família ISO, que publicou recentemente para o Brasil alguns padrões que pretendem ser referência de Boas Práticas em Gestão de Segurança para a Cadeia Logística, e mesmo para Gestão de Riscos e Continuidade do Negócio. Estas ferramentas são excelentes para gerar suporte às empresas em seus esforços de planejamento, implementação, operação, avaliação e melhoria de suas atividades. Outro ponto a ser considerado é o investimento na qualificação do capital humano que deve ser feito e no excessivo cuidado para a manutenção da consistência com os procedimentos já implementados nas empresas com sistemas de gestão já maduros. Certamente, esse é um esforço louvável que poderia ser de grande ajuda, para os profissionais que executam tarefas críticas relacionada aos processos empresariais relacionados à supply chain security.

 

No entanto, ainda existem aqueles que acreditam que os padrões ou procedimentos (que são muitas vezes baseados em compilações das melhores práticas), para serem aplicáveis, devem ser declarados como obrigatórios por alguma autoridade – o que equivale a estar com enxaqueca e se recusar a tomar um analgésico, a não ser quando obrigado por um médico. A aplicação de práticas padronizadas constrói confiança, segurança e transparência para o mercado, não permitindo assim espaços para "águas turbulentas”.

 

Se sua empresa ainda pretende comemorar vários aniversários – principalmente de maneira saudável – e se entre seus objetivos está o de construir uma imagem de empresa confiável – do ponto de vista de security – no seu mercado de atuação, é imprescindível que se busque a adoção das melhores práticas. Assim, orientamos você a conhecer um pouco mais sobre estas certificações aqui citadas. Entendê-las, preparar-se e – antes de tudo – trabalhar em níveis superiores de qualidade e confiança, fazem que o processo efetivamente traga um retorno muito mais positivo para a empresa.

 

Artigo escrito por:

 

Daniel Gobbi Costa (dgobbi@allcompliance.com.br)
Graduado em Administração de Empresas e habilitação em Comércio Exterior, com especialização nas áreas de Logística, Qualidade e Gerenciamento de Projetos. Atua desde 2007 em atividades de Auditoria/Consultoria nas áreas Logística e de Comércio Exterior participando de projetos de implementação e manutenção de controles internos, agora como Sócio/Responsável nas empresas Alliance Consultoria e Treinamento Empresarial (www.allcompliance.com.br) e Innova Consultoria Empresarial e Qualificação Executiva (www.innova-bpc.com.br).


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