Dersa pode cancelar contratos de obras atrasadas no Rodoanel Norte
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15 de Abril de 2015 – 04h47 horas / G1

O contrato de um trecho do Rodoanel Norte, obra do governo de São Paulo para desviar o trânsito de caminhões da capital, pode ser cancelado caso a construção não corra no ritmo planejado, mostrou o SPTV nesta quarta-feira (15). A informação foi confirmada pelo presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A ), empresa estatal responsável por administrar o empreendimento.

Prometido para o início de junho de 2016, o trecho foi adiado para junho de 2017, três anos do previsto na época da licitação. A construção foi dividida em três lotes e, em ao menos três deles, visitados pela reportagem, a movimentação nos canteiros é pequena.

No lote 4, que fica no Cabuçu, em Guarulhos, o trânsito de funcionários é baixo. No lote 3, um segurança informou que  a OAS, responsável também pelo lote 2, demitiu 600 funcionários.

No lote 1, considerado o mais simples, a situação era ainda pior. Ninguém foi encontrado no canteiro visitado pela reportagem e peças estavam empilhadas.

Este lote é de responsabilidade do consórcio formado pelas empresas Isolux-Corsán e Mendes Júnior.

O governo do estado sabe que as obras estão praticamente paradas desde novembro do ano passado e diz que já notificou o consórcio dez vezes para que o trabalho seja retomado. E não descarta a possibilidade de romper o contrato, disse o presidente da Dersa, Laurence Casagrande.

“Se nós não tivermos uma resposta equivalente, se daqui para diante as coisas não acontecerem conforme o esperado e não tivermos uma mobilização efetiva do canteiro e dos funcionários, há a perspectiva inclusive de rescisão”.

Em fevereiro, o SPTV mostrou que as obras estavam atrasadas. Mas na época, a Dersa negou, A empresa mantinha a posição de que o ritmo das obras estava normal e culpou a chuva e a burocracia para fazer as desapropriações pela demora na entrega da rodovia.

A construtora Mendes Júnior é alvo da Operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos com a Petrobras. Desde novembro o vice-presidente da empreiteira, Sergio Cunha Mendes, está preso, sob acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. A revelação do caso coincide com os atrasos na construção do rodoanel.

Outro lado

O consórcio Mendes Júnior/Isolux Corsán informou que as obras de responsabilidade deles estão em andamento conforme cronograma encaminhado à Dersa e não comentou as notificações feitas pelo governo.

A OAS, responsável pelos lotes 2 e 3,  diz que está cumprindo os prazos e que as atuais equipes de trabalho estão compatíveis com o planejamento do projeto.

Atraso no metrô

O grupo espanhol Isolux Córsan-Corviam também está envolvido no atraso das obras da Linha 4-Amarela do metrô na capital paulista. O grupo parou a construção e o governo do estado anunciou  para junho para concluir as obras das estações Morumbi e Vila Sônia.

O valor a ser investido nas duas estações é de aproximadamente R$ 500 milhões e a obra deve começar no início de 2016. A Estação Morumbi deve ser entregue no final de 2017, e a Vila Sônia, em 2018.

O primeiro lote, que tem 60% das obras concluídas e compreende as estações Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire e o pátio da Vila Sônia, será terminado pelo próprio consórcio espanhol.

O grupo alega disse em fevereiro as que empresas contratadas pelo Metrô atrasaram a entrega dos projetos e que isso aumentou o prazo da obra em 50%. O Metrô, por sua vez, diz que o consórcio recebeu todos os projetos necessários para o andamento e que desconfiou do desconto de 42% sugerido na licitação.


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