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18 de Julho de 2014 – 11h28 horas / Jornal do Comércio – RS

Apesar de ser um problema mais grave na região Sudeste do Brasil, o Rio Grande do Sul também sofre com o extravio de produtos movimentados pelas rodovias. De acordo com dados do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 86 furtos e 84 roubos de cargas transportadas por caminhões. Enquanto no primeiro caso os itens são subtraídos sem violência, no segundo ocorre a coação.

Com o passar dos anos, houve uma inversão quanto à intensidade do tipo de ocorrências dessas ilegalidades. Em 2013, foram verificados 221 roubos e 132 furtos e em 2012 esses números foram, respectivamente, 299 e 148. O titular da Delegacia de Repressão ao Roubo e ao Furto de Cargas do Deic/PC/RS, Luciano Peringer, cita que, no Estado, a maior incidência desses crimes ocorre nas BRs 386, 290, 116 e na RS 118. Os municípios que mais registram esses delitos são Porto Alegre, Uruguaiana, Canoas, Gravataí, Pelotas, Montenegro e Triunfo. Entre os artigos mais subtraídos estão o fumo, produtos alimentícios, bebidas, eletrônicos, derivados petroquímicos, pneumáticos e metais.

Peringer revela que é possível perceber que tem aumentado o envolvimento dos motoristas com essas ilicitudes. Além disso, as quadrilhas têm se especializado e focado em cargas de maior valor. O diretor do Deic e delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Eduardo de Oliveira, recorda que, a partir da década de 1990, os bancos começaram a intensificar os seus dispositivos de segurança, com as portas giratórias e outros equipamentos. Com isso, muitos delinquentes migraram para outra atividade: o roubo de cargas. Oliveira ressalta que a figura central nesse delito é o receptador. O delegado lamenta que a legislação brasileira prevê ainda penas brandas para esse indivíduo.

Em todo o Brasil, no ano passado, o roubo de cargas representou um prejuízo de cerca de R$ 1,3 bilhão. Com base em dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o subsecretário de Comando e Controle da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, Edval Novaes, informa que foram 15,2 mil ocorrências de roubo de cargas no País em 2013, contra 14,4 mil no ano anterior. Conforme o dirigente, somente no Rio de Janeiro, em 2013, foram 3.534 casos, contra 3.656 em 2012.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Sul, Jerry Adriane Dias Rodrigues, detalha que são aproximadamente 10 mil policiais rodoviários federais atuando hoje no território nacional. O que, para o superintendente, é pouco para cobrir os cerca de 70 mil quilômetros da malha rodoviária federal do Brasil. Rodrigues defende que é fundamental implementar uma integração de sistemas que torne mais rápido tanto o registro quanto o conhecimento das instituições que podem reprimir os crimes. O debate sobre o combate ao roubo de cargas foi realizado durante a 16ª Feira e Congresso de Transporte e Logística – Transposul, encerrada nessa quinta-feira, na Fiergs, em Porto Alegre. O evento foi promovido pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs).


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