Faltando 2 meses para volta de multa, extintor ainda está em falta
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03 de Fevereiro de 2015 – 04h11 horas / G1

Restando apenas 2 meses para a volta da multa para falta de extintor do tipo ABC para carros, prevista para 1º de abril próximo, o equipamento para segurança ainda está em falta em diversas regiões do Brasil.

No início do ano, começou a valer a punição para carros que circulem sem o extintor ABC, o que era previsto em uma resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de 2000. O risco de levar multa de R$ 127,69, mais cinco pontos na carteira e retenção do veículo até a regularização procovou uma "corrida" a lojas e postos e os extintores se tornaram raridade.

Por causa da dificuldade de se encontrar o produto, o Ministério das Cidades, ao qual o Denatran está ligado, decidiu adiar a punição por 3 meses. Mas ainda não houve tempo suficiente para a reposição.

O que dizem os fabricantes

Na última sexta-feira (30), o G1 consultou 12 lojas em 5 estados e a maioria respondeu que não tinha extintor ABC para venda; outras afirmaram que há poucas unidades disponíveis.

A indústria, no entanto, diz que a oferta será normalizada antes da volta da multa. “No período de festas, a produção contou com um número menor de dias úteis. Os fabricantes já trabalham em carga total novamente, e acreditam que oferta e demanda estarão normalizadas em todo o país bem antes do final do prazo extra”, afirmou a Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos contra Incêndios e Cilindros de Alta Pressão, em comunicado.

“O que aconteceu é que a demanda que deveria ser distribuída em 1 ano foi exigida em um mês”, explicou Roberta Godoy, gerente de marketing da Kidde, uma das principais fabricantes internacionais de extintores e que também atua no Brasil.
“A indústria se preparou para atender a uma procura maior quando da entrada em vigor da legislação, mas não pode fazer estoques, pois os extintores devem ser vendidos com sua validade total, de 5 anos”, completou a Abiex.

“Tivemos de contratar mais gente e aumentamos a produção. Mas muitos fornecedores não estão conseguindo entregar os materiais, o que impede de chegarmos ao máximo de fabricação”, afirma Francisco de Oliveira, sócio e diretor da Extimpel, empresa brasileira de extintores localizada no Paraná.

Os constantes adiamentos da lei também fizeram com que os revendedores ficassem desconfiados em relação à sua efetividade. “Muitas empresas quase faliram quando a exigência foi adiada da outra vez”, argumentou Rômulo Müller Ribas, gerente da Getel, loja especializada em extintores. A exigência inicial para o extintor ABC em veículos novos começaria em 2005, mas foi derrubada por liminar, só voltando a vigorar 4 anos depois, com previsão de início de multas neste ano.

Para 2005, também estava previsto que todos os extintores antigos, do tipo BC, deveriam ser substituídos pelo ABC quando vencessem. Esta exigência também foi suspensa pela liminar e, em 2009, foi fixado que a obrigatoriedade do novo extintor deveria começar em 1º de janeiro de 2015.

Quem precisa trocar?

O extintor ABC, que combate incêndio em um maior número de materiais que o antigo, começou a equipar carros mais novos a partir de 2009.

“Existem pessoas que não precisavam trocar o extintor e acabaram trocando. Quem tem carro produzido depois do 2º semestre de 2010 não precisa trocar. Muita gente com carro 2015, 2014 trocou”, destacou Roberta Godoy, da Kidde.

“Em algumas regiões o estoque acabou porque não houve uma divulgação adequada para a troca do extintor”, afirmou a gerente.

Mas, ao verificar qual o tipo de extintor de seu carro, muita gente acabou percebendo que, embora fosse do tipo exigido, o extintor estava vencido, o que também é uma infração e aumentou a procura pelo produto.

As vendas aumentaram até 10 vezes em algumas regiões. “Nossos pontos de venda chegavam a vender no máximo cerca de 50 unidades por mês. Mas, no começo do ano, alguns lugares atingiram 700 peças”, relatou Francisco de Oliveira, da Extinpel, no Paraná.

No início do ano, o produto custava entre R$ 70 e R$ 100 – as lojas continuam citando essa faixa de preço.

Produção mensal de 1,5 milhão

Apesar de afirmarem que houve aumento de produção, os principais fabricantes de extintores ABC para veículos, Resil e Kidde, não divulgam os números atuais. Questionada pelo G1, a Abiex também se recusou a informar quantas peças são feitas no país.

Considerada de porte médio, a Extinpel teve de aumentar em 3 vezes a produção, chegando a 60 mil unidades mensais.

“Com a nova demanda, a produção nacional deve chegar a 1,5 milhão de unidades mensais”, estimou o diretor Oliveira. “De acordo com uma pesquisa feita em minha empresa, o mercado deve se manter aquecido até 2022. Além das pessoas que precisam trocar o novo pelo velho, muita gente terá de trocar o extintor ABC que já estiver vencido.”

A mudança na lei ocorreu porque o extintor antigo, do tipo BC, é recomendado para materiais como líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. O ABC, além destes, também é capaz de combater incêndios em madeira e tecidos, materiais comuns em carros.


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