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09 de Outubro de 2017 – 04h53 horas / Diário do Nordeste

A frota do Estado cresceu 77% nos últimos sete anos. De acordo com os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), em 2010, eram 1.706.361 veículos circulando no Ceará. Este ano, até agosto, o número já ultrapassou os 3,02 milhões, colocando o Ceará em nono lugar do País em frota, perdendo para São Paulo (26,4 mi), Minas Gerais (10,2 mi); Paraná (6,9 mi); Rio Grande do Sul (6,4 mi) e Rio de Janeiro (6,3 mi). No entanto, há uma desaceleração do crescimento desde 2015.

 

A média de crescimento era em torno de 10% nos anos anteriores. De 2015 para 2016, o crescimento foi de 4,36%. O ritmo de 2017 também aponta uma tendência a se manter nessa faixa. De acordo com o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade federal do Ceará (DET/UFC), Bruno Bertoncini, são vários os fatores que podem impactar na retração do crescimento da frota, mas a crise financeira parece ser a mais forte.

 

Histórico

"A crise é um fator e a melhoria de outros meios de transporte também. Embora, pelo histórico de Fortaleza, não tivemos uma mudança substancial no trânsito, muito provavelmente é um reflexo da crise econômica que envolve o País", justifica.

 

Outro ponto que corrobora para que a instabilidade econômica seja a grande responsável pelo novo ritmo – mais lento- de crescimento é o envelhecimento da frota. O Estado já apresentou metade dos veículos novo ou seminovo. No entanto, hoje, menos de um terço dos veículos, 31%, circulam no Estado com até cinco anos de uso. Entre cinco e 10 anos, 31%, com mais de 15 anos são 25% e, entre 10 e 15 anos, são 13%.

 

No ano de 2010, o cenário era bem diferente. Veículos novos e seminovos correspondiam a 46,4% de toda a frota do Estado. Os que estavam entre cinco e 10 anos e os com mais de 15 anos eram 19%. Os que já estavam entre 10 e 15 anos de uso chegaram a 14%. "Uma frota velha implica em veículos que necessitam mais de manutenção. E a gente sabe que o brasileiro não faz manutenção. Observamos maior ocorrência de veículos parados nas vias, aumentando os congestionamentos, e o aumento da poluição atmosférica. Isso é muito grave", explica Bertoncini.

 

Alerta

O especialista alerta que é importante ainda levar em consideração o número de viagens realizadas no Estado e o de usuários dos transportes públicos para saber se os donos de veículos particulares passaram a utilizar os transportes coletivos. Dados do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) revelam que, há pelo menos cinco anos, uma redução de usuários vem se apresentando. Em 2012, a média mensal de passageiros pagantes registrada nos ônibus da Capital era igual a, aproximadamente, 24,8 milhões. No ano passado, esse total chegou a cerca de 23 milhões. Em números absolutos, os coletivos perderam mais de 20 milhões de usuários apenas nesse período.

 

Queda

O caminho é o mesmo de outras Capitais do Brasil. De acordo com estudo da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) divulgado este ano, além de Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo também viram seus números de usuários do transporte coletivo diminuírem no período.

 

Segundo o Anuário NTU 2017, entre os anos de 2013 e 2016, o total de passageiros transportados nas nove capitais caiu 18,1%. No entanto, é preciso ressaltar algumas ações positivas dentro da área de mobilidade, sobretudo, na Capital cearense. Bertoncini cita o aumento da malha cicloviária de Fortaleza, que está com 214 km, melhoria de algumas linhas de ônibus, com ar-condicionado, além de programas de incentivo a outros modais, como o Bicicletar.


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