Haddad assina acordo para viabilizar mudança da ceagesp de lugar
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24 de Junho de 2015 – 04h32 horas / Época

O governo federal e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) deram nesta terça-feira (23/06), o primeiro passo para mudar o entreposto para uma área próxima do Rodoanel. O Ministério da Agricultura e a prefeitura paulista assinaram um acordo para estudar a viabilidade de uma nova área. A ideia é sai da Vila Leopoldina e construir um novo bairro na região. A mudança ainda aliviaria o transito naquele trecho da cidade. Pelo menos dois grupos econômicos, segundo o prefeito Fernando Haddad, estão interessados em fazer as obras necessárias.

Esse acordo, e o estudo que sairá dele, deve ajudar na aprovação da nova lei de zoneamento de São Paulo. Os vereadores precisam aprovar uma reclassificação do status da região onde a Ceagesp está atualmente instalada, de Zona Industrial (ZPI) para Zona Especial (ZOE) – o Aeroporto de Congonhas, o Sambódromo e os campi da Universidade de São Paulo são ZOEs.

Essa alteração é necessária para que o local possa ser usado para construir casas e comércio, além de um parque. "A Ceagesp é o obstáculo que impede o retorno do desenvolvimento ao centro da cidade. O Rodoanel é uma área importante e ela não adianta se a Ceagesp não migrar. A mudança da Ceagesp será o maior projeto urbanístico de SP", disse o prefeito durante a assinatura do acordo no Ministério da Agricultura, em Brasília.

O prefeito explicou que cerca de 14 mil veículos trafegam na atual área da Ceagesp, alcançando em algumas ocasiões 27 mil.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que a Ceagesp está "bastante estrangulada" e lembrou que o terreno do entreposto é bastante valioso. A comercialização na área, no entanto, se tornou complexa em função da movimentação de carros. "O importante é que o novo satisfaça a parte de produção e distribuição de alimentos. Nós encontraremos locais atrativos dentro do que a prefeitura mostrar como disponível", explicou a ministra que disse acreditar que as obras, depois de licitadas, durem no máximo dois anos.

O projeto não deve enfrentar grandes obstáculos na Câmara em função do apelo popular. A troca de localidade tem entre seus objetivos desafogar o tráfego, principalmente pela redução do movimento de caminhões nas marginais Tietê e Pinheiros; além de construir casas populares onde funciona a Companhia atualmente – área equivalente ao tamanho de 70 campos de futebol. "Esse é o momento de Câmara Municipal ajudar a Ceagesp a encontrar o seu novo local", observou Haddad. A lei deve ser aprovada até o fim do ano.

Esse estudo também ajudará a convencer a iniciativa privada a participar do projeto de construção da nova Ceagesp. O modelo da operação ainda não está fechado, mas é provável que empresas e construtoras que toquem o projeto obtenham autorização para explorar o entreposto em parceria com o setor público. A área a ser escolhida para abrigar a companhia tem de favorecer a logística de abastecimento. "Nós queremos que ali seja um polo gerador de emprego e renda combinado com moradia de padrões diferentes. Ali na vizinhança tem áreas pobres que precisam ser absorvidas", ponderou o prefeito. "Essa talvez seja a última fronteira de expansão da cidade", afirmou.

Desestatização

Em março deste ano, o governo deu mais um passo no sentido de facilitar essa transição e excluiu a Ceagesp do Programa Nacional de Desestatização (PND). A companhia estava nessa lista desde 1997, quando a empresa foi transferida para a União.

Com a saída do programa de desestatização, a Ceagesp poderá receber recursos públicos, negociar ativos ou firmar um contrato de concessão de uso com a iniciativa privada. Desde 2013 a companhia esperava uma resposta da presidente Dilma Rousseff sobre a desestatização, o que só ocorreu em 19 de março deste ano.

O entreposto é a principal central de abastecimento do país e movimento por dia cerca de 250 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados e flores, entre outros produtos importantes para o abastecimento de feiras e mercados. Ele é considerado ainda o maior da América Latina e o terceiro centro de comercialização atacadista de perecíveis do mundo, atrás apenas de Paris e Nova York.


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