Os motoristas precisam ficar atentos. Após muitos acidentes graves e protestos dos moradores, a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb) implantou, nessa quarta-feira (8), sentido único de direção nas marginais da rodovia Cezário José de Castilho (SP-321), a Bauru-Iacanga, nas imediações da Vila São Paulo e Jardim Ivone. De acordo com o órgão, o objetivo da implantação da mudança é aumentar a segurança de motoristas e pedestres para evitar acidentes, principalmente graves e fatais.
Outras intervenções no trecho com o mesmo intuito já haviam sido iniciadas neste ano. Em fevereiro, a Secretaria de Obras implantou obstáculos de solo no local.
A Emdurb também reforçou a sinalização das faixas de pedestres em frente à passarela, implantou placas regulamentando a velocidade máxima permitida para a via e placas de advertência de passagem de pedestres, além de avisos sobre os obstáculos de solo.
MORTES
Não é de hoje que o trecho da Bauru-Iacanga aparece nas páginas do JC como cenário de tragédias, mesmo após a conclusão das obras de duplicação da via. As principais reclamações dos moradores giram em torno dos atropelamentos graves e fatais nas imediações do local.
2015 nem bem havia começado e uma ocorrência se tornou emblemática. No dia 13 de janeiro, Kevellyn Eduarda de Oliveira, 6 anos, foi atropelada por um caminhão no Jardim Ivone, nas proximidades da estrada. A criança foi socorrida, mas não resistiu.
Naquela semana, moradores realizaram protestos queimando pneus e interditaram a rodovia.
Menos de um mês depois, no dia 6 de fevereiro, novas manifestações ocorreram, pois outra menina, dessa vez de 7 anos, morreu após ser atropelada por uma van escolar enquanto atravessava o acesso recém-construído às margens do quilômetro 347 da SP-321, na altura da Vila São Paulo.
PASSARELA
Jhenifer Karolyne Celusniak, a segunda vítima fatal, atravessava a passarela diariamente para chegar ao projeto socioeducativo Colmeia, do qual participava há quatro anos. O equipamento viário construído pelas obras contratadas pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER), no entanto, contempla apenas as vias expressas da rodovia e não se sobrepõe às marginais.
Em reunião realizada em janeiro, antes mesmo da morte de Jehnifer e motivados por intensa pressão popular, o DER e a Emdurb iniciaram discussões em busca de possíveis saídas para o problema.
IMPASSE
Do encontro, no entanto, não surtiram soluções efetivas. À época, o DER, órgão vinculado à Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, pontuou que construiu as marginais por meio de convênio com o município, que passaria a ser o ente responsável pelas eventuais benfeitorias nessas vias.
O prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), por sua vez, afirmou que a administração local não construiria as passarelas sobre as marginais. “Elas só vão sair se o DER pagar por elas. A obra acabou de ficar pronta. Não faria sentido algum eu demolir as passarelas já existentes para fazer outras”, declarou em entrevista publicada pelo JC, em 16 de janeiro de 2015.
Diálogo
Após a segunda morte nas imediações das marginais da Bauru-Iacanga, no final de fevereiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) veio à cidade para inaugurar as obras de duplicação da rodovia. Na ocasião, ele garantiu que DER e a Secretaria de Logística e Transportes estavam à disposição do município para discutir alternativas e soluções para as demandas dos bairros afetados.
“O município é responsável pelas marginais. Mas, com certeza, o secretário [de Logística e Transportes] Duarte Nogueira dará toda a atenção e conversará com o prefeito para sabermos quais são as melhores saídas para os problemas. Trabalhamos para compatibilizar o acesso aos bairros e a segurança nas autoestradas. Todas as providências para evitar acidentes serão tomadas”, prometeu o governador.
voltar