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30 de Maio de 2016 – 04h40 horas / Revista Carga Pesada

O setor de transporte de cargas sente na pele a retração da indústria e do comércio, que derrubou a demanda pelo serviço e deixou empresários no vermelho. A crise no transporte vai de carona na crise de outros segmentos, principalmente a indústria e o comércio. Para se ter uma ideia, recentemente a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) revisou sua estimativa divulgada no início do ano para 2016 e agora aponta queda de 11,48% na atividade industrial. “Grande parte dos caminhões parados no Estado são dependentes da siderurgia e da indústria de automóveis, setores que também amargam prejuízos. Não há o que transportar e quando há, o custo inviabiliza a operação porque não teremos margem”, destaca o diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Ulisses Cruz.

 

Segundo dados da entidade, de 12 a 15 mil caminhões estão parados em Minas Gerais. A estimativa é de que desde o início do ano o número de demissões tenha aumentado 35% em média. “Ao longo de 2015, o setor de transportes de carga segurou os reajustes diminuindo as margens, mas chegou a um ponto em que não dava mais. Entendemos a crise, mas tivemos que repassar custos. Agora o que vemos é que não temos nem cargas para transportar”, afirma Cruz.

 

Segmentos da cadeia produtiva do transporte corroboram a crise no setor. O mercado de veículos em Minas Gerais, segundo dados divulgados pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), apresentou queda para o segmento de caminhões no primeiro trimestre. Se em 2015 foram emplacados 3.235 veículos no período, em 2016 foram registrados 2.106, uma queda de 34,89%.

 

Já a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), indica que a produção nacional de pneus de carga sofreu queda de 13,49% em 2015 em comparação com 2014. Em 2016, o primeiro trimestre teve redução de 3% nas vendas.

 

O setor de implementos rodoviários projeta que 2016 será pior que 2015. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), a expectativa é de vender 56,6 mil unidades neste ano, o menor patamar já registrado na história do segmento desde que as estatísticas começaram a ser feitas pela entidade.

 

O óleo diesel, principal insumo do setor, responsável por cerca de 30% do custo do transporte, tem apresentado altas frequentes no seu preço devido à tributação desde 2014. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), o diesel encareceu 6,48% entre abril de 2015 e o mesmo mês de 2016, ao passar de R$ 2,823 para R$ 3,006, em média. Em março, o preço médio era R$ 3,003. Ou seja, em um mês, a alta do combustível foi de 0,9% no Estado. Na contramão, houve um recuo de 3,2% no consumo em relação ao mesmo intervalo de 2015. “É um reflexo do recuo da atividade econômica”, destaca o diretor.

 

“Não há investimento, não tem produção e não tem consumo. Vivemos um período de insegurança jurídica, econômica e financeira. E nesse efeito cascata, o transporte é o principal prejudicado”, conclui Cruz.


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