Motoristas devem estar atentos ao risco de arritmias cardíacas
Compartilhe
24 de Maio de 2016 – 04h16 horas / CNT

Dados da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) indicam que 4% das mortes em acidentes de trânsito estão associadas a problemas de saúde dos motoristas. Anormalidades no sistema cardíaco são os principais. O problema é que, muitas vezes, eles passam despercebidos, até gerarem um dano mais grave. Em outras situações, os sinais de que algo não vai bem são desprezados pela pessoa.

 

É o caso das arritmias cardíacas, por exemplo. “Elas são frequentes na população em geral e, assim, também é comum em quem está dirigindo. O problema é que nem sempre os acidentes são associados a esse problema, porque parece que a pessoa teve uma sonolência ou falta de atenção”, explica o médico Enrique Pachón, especialista no assunto. “A arritmia pode causar uma palpitação, que é uma alteração do batimento cardíaco, perda de consciência, tontura, escurecimento da vista. Também pode ter consequências mais graves, como a perda dos sentidos. Se a pessoa está dirigindo nesse momento, ela pode se acidentar com facilidade, ao cruzar uma via inadequadamente, não parar no sinal, ir para a contramão, sem o indivíduo nem perceber que teve uma alteração nos batimentos”, complementa. 

 

Conforme o médico, ainda que a arritmia cardíaca ocorra repentinamente, alguns sinais dados pelo organismo merecem atenção. “Eventos de tontura, palpitação, escurecimento visual são alertas importantes para que a pessoa procure um médico e investigue se tudo está bem. Geralmente, quando passa por isso, o paciente encara como um breve mal-estar e, quando se sente melhor, não toma providências. Alega que foi porque comeu ou dormiu mal. Mas não se pode esperar até que algo mais grave ocorra”, reforça Enrique Pachón.

 

Em 2015, o Comandos de Saúde nas Rodovias, projeto realizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e pelo SEST SENAT para promover atendimentos preventivos a profissionais do transporte, às margens de BRs, identificou que ao menos 21,6% deles estavam com a frequência cardíaca em estado de alerta. Além disso, diversos motoristas apresentaram condições de saúde que aumentam o risco de arritmias cardíacas: 23,6% são hipertensos, 15,2% apresentaram quadros de hiperglicemia e 3,5% de diabetes. O Comandos promoveu testes com mais de 12 mil motoristas profissionais.

 

Visitas periódicas ao médico para um check-up ajudam a identificar e tratar problemas que elevam a chance de um mal-estar na direação. Quem sabe que possui essas condições de saúde, deve aumentar a frequência dos exames. Além disso, monitorar os batimentos cardíacos e estar atento ao que o corpo manifesta também é fundamental. Em caso de qualquer alteração, mesmo que leve, é importante procurar profissionais de saúde.

 

As arritmias cardíacas em motoristas profissionais será um dos temas debatidos durante o 37º Congresso da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), que ocorrerá no dia 27 de maio, em São Paulo (SP).


voltar