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29 de Julho de 2015 – 04h20 horas / A Tribuna Mato Grosso

A concessionária da BR-163 em Mato Grosso, a Rota do Oeste, vem anunciando os preparativos para o começo da cobrança de pedágio na rodovia para o próximo mês de agosto, quando informa que concluirá a duplicação de um trecho de 54 quilômetros, ou seja, mais de 10% do total a ser duplicado por ela: 450 quilômetros. O problema é que, conforme constatado in loco pela reportagem do Jornal A TRIBUNA, esse percentual de 10% de duplicação dificilmente estará com as duas pistas liberadas para tráfego até agosto próximo, uma vez que grande parte desse trajeto ainda depende de obras de recuperação da pista antiga e conclusão de dispositivos e obras de arte especiais. Com isso, os usuários tendem a começar a pagar o pedágio, mas, mesmo assim, continuar trafegando em uma única pista com duplo sentido por algum tempo.

Em visita ao trecho em obras ao sul de Rondonópolis, nesta segunda-feira (27/07), o A TRIBUNA constatou que não há tempo hábil para que a cobrança de pedágio seja iniciada em agosto próximo e, junto com esse processo, as duas pistas do trecho obrigatório de 45 quilômetros de duplicação estejam liberadas para o tráfego normal. No trecho entre Rondonópolis e o terminal ferroviário da cidade, com 22,7 quilômetros, por exemplo, a reportagem constatou que há ainda muito serviço de recuperação da pista antiga a ser realizado. Grande parte desse trecho ainda está com serviços de recuperação da base da pista antiga, não tendo nem recebido a nova camada do novo pavimento asfáltico. Nesse mesmo trecho, 2 dos dispositivos de acesso foram 100% concluídos, no caso o de acesso ao aeroporto municipal e o de acesso à MT-471, na Sete Placas. O dispositivo do km 111, um viaduto de retorno, próximo ao frigorífico, está em obras, com 75% de obras realizadas.

A concessionária diz que vai atingir o percentual de 10% de duplicação concluída em Mato Grosso nos próximos dias, informando que vai entregar nessa ocasião 32,4 quilômetros da nova etapa de duplicação na região sul. Somados aos 22,5 quilômetros entregues entre Rondonópolis e o terminal ferroviário, informa que totalizará os 54,9 quilômetros de duplicação. No entanto, mesmo nesse trecho de 32,4 quilômetros a mais de duplicação, as duas pistas não estarão liberadas para tráfego de imediato. Vencida essa etapa, a pista antiga será interditada para então começar os serviços de recuperação do pavimento e, com isso, o tráfego será todo deslocado para a pista nova. Da mesma forma, conforme constatado pelo A TRIBUNA, os dispositivos e obras de arte especial nesses demais quilômetros duplicados não estarão totalmente concluídos até o começo projetado da cobrança de pedágio.

Em resposta ao Jornal A TRIBUNA, a concessionária reafirmou que o contrato da concessão da rodovia prevê, entre as exigências para o começo da cobrança do pedágio, a conclusão da duplicação de 10% do trecho a ser duplicado por ela, o que envolve, segundo a empresa, a construção da nova pista. Desta forma, repassa que as duas pistas do trecho duplicado não precisam estar liberadas para o tráfego para o começo da cobrança. Foi explicado para a reportagem que a recuperação da pista antiga é uma etapa posterior à duplicação. Apesar disso, destacou que a Rota do Oeste faz parte da primeira leva de concessões que tem como obrigação o cumprimento de uma série de exigências antes do começo da arrecadação. Nesse contexto, acrescentou que alguns dispositivos e obras de artes especiais já foram entregues ou o serão em breve. Quanto ao procedimento de recuperação da pista antiga, externou que a intenção é que seja efetivada no mais breve espaço de tempo possível.

Vale ressaltar que o começo da cobrança do pedágio depende da autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Entre outras metas definidas em contrato, a concessionária também informa ter concluído a recuperação de todos os 450 quilômetros do pavimento existente nas áreas de sua responsabilidade. Os trabalhos iniciais necessários incluem também a roçada das faixas de domínio e a revitalização da sinalização horizontal e vertical. Outra obrigação, cumprida em setembro de 2014, foi a implantação do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), através de atendimento 24 horas com ambulâncias e UTIs móveis, veículos de inspeção de tráfego, entre outros.

RUMORES DE DEMISSÃO – Informações nas redes sociais começaram a circular dando conta da demissão de 500 trabalhadores agora em julho e de mais 700 trabalhadores em agosto pela construtora Odebrecht Infraestrutura, contratada pela Rota do Oeste para execução das obras de duplicação no trecho sob sua responsabilidade. O motivo seriam atrasos de pagamentos de medições realizadas. Essa situação ameaçaria o ritmo das obras de duplicação na região.

Contudo, a Concessionária Rota do Oeste repassou que essa informação não procede, destacando que as obras de duplicação da rodovia BR-163 seguem seu fluxo normal, atualmente adiantadas em relação ao cronograma inicial. Segundo a empresa, os desligamentos registrados agora em julho são referentes às obras concluídas das praças de pedágio em todo o estado de Mato Grosso – não informou o número de desligamentos. Em contrapartida aos desligamentos por conta do término dessas obras, a concessionária afirma que já realizou, neste mesmo mês, a contratação de cerca de 400 pessoas que atuarão na operação destas praças de pedágio.

Segundo a Rota do Oeste, seguem atuando nas obras 3.200 operários e cerca de 800 equipamentos, entre eles duas usinas de asfalto alemãs de última geração, cujo investimento só se justifica com a utilização plena de sua capacidade de produção. Sendo assim, diz que mantém também a previsão de conclusão de todo o trecho a ser duplicado no sul do Estado (125 quilômetros) para o início de 2016.
SAIBA MAIS – A Rota do Oeste, empresa da Odebrecht TransPort, é a concessionária da BR-163 em Mato Grosso, sendo responsável pela duplicação, recuperação, conservação, manutenção e implantação de melhorias da BR-163, bem como a oferta de serviços de atendimento ao usuário, entre os municípios Itiquira e Sinop, um trecho com extensão de 850,9 quilômetros. No caso da duplicação e recuperação, é responsável por um trecho de 450 quilômetros entre a divisa com Mato Grosso do Sul até Rondonópolis, de Posto Gil a Sinop, além da Rodovia dos Imigrantes. As demais extensões já estão duplicadas ou terão as obras executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).


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