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02 de Dezembro de 2015 – 05h23 horas / Gazeta do Paraná

Quem for pegar as rodovias paranaenses do chamado Anel de Integração terá que desembolsar, em média, 10% a mais para o pagamento dos pedágios a partir de hoje (01). A Agepar (Agência Reguladora do Paraná) autorizou um aumento acima do que é previsto contratualmente. O reajuste deveria variar entre 6,69% e 7,05%, mas devido a obras não previstas nos contratos que foram ou estão sendo executadas foi autorizado um percentual maior de reajuste que chega a 10,28%.


O aumento, no entanto, foi rechaçado por caminhoneiros que afirmam não ter condições mais de absorver reajustes. De acordo com Jeová Pereira, do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Cascavel), um caminhão de sete eixos atualmente gasta 1.036,00 somente em pedágios ao cruzar a BR-277 entre Foz do Iguaçu e o porto de Paranaguá. A partir de hoje o caminhoneiro deixará aproximadamente R$ 1.150,00 nas praças de pedágio no mesmo percurso. “A cada cinco anos o caminhoneiro perde um caminhão para o pedágio”, afirma Pereira.


Para o líder regional da categoria, ao contrário do que afirmam as autoridades, o pedágio não pode ser visto como um mal necessário. Ele lembra que lá no passado o próprio governo deixou as rodovias se deteriorarem para depois entregá-las à iniciativa privada. “O caminhoneiro não vê o pedágio como mal necessário, ele não tem necessidade”, diz. Pereira ressalta que o governo poderia assumir as praças e cobrar um pedágio de manutenção.


De acordo com o Sindicam, o caminhoneiro autônomo não tem mais como absorver aumentos. “As concessionárias sempre dizem que estão no vermelho, então que devolvam a concessão”, sugere Pereira. Segundo ele, o caminhoneiro já paga imposto embutido no valor do óleo diesel como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), além do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). Para ele, esses impostos deveriam custear a manutenção das rodovias. “Estamos pagando impostos quatro vezes mais do que deveríamos”, afirma.


Jeová Pereira defende que haja uma discussão ampla com a sociedade antes de cada aumento de pedágio e impedir os reajustes automáticos como prevêem os contratos com as concessionárias. “O Estado não pode decidir sozinho uma coisa que não é ele quem vai pagar”, observa. De acordo com ele, o pedágio só interessa às concessionárias e as prefeituras de municípios que recebem impostos por possuírem em seus territórios praças de cobrança.


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