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14 de Abril de 2015 – 05h01 horas / G1

A Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira (13) mais dois suspeitos de fazerem parte de uma quadrilha especializada em roubo de cargas em Jardinópolis (SP). Um sobrinho e um filho de Márcio Salomão Júnior, o suposto chefe do grupo, foram detidos em dois supermercados da família de Salomão no município. Nos estabelecimentos, foram encontradas 200 caixas de óleo de cozinha roubadas em fevereiro em Jaboticabal (SP).
 

Em menos de uma semana, oito pessoas foram presas – uma advogada obteve habeas corpus e foi solta – em meio às investigações. Segundo o delegado José Augusto Franzini, as evidências apontam para uma organização criminosa, articulada por membros da mesma família e suspeita de crimes como roubo de cargas, venda de mercadorias impróprias para consumo (produto dos roubos), porte ilegal de armas, tráfico de drogas e homicídio.
 

Ainda não há mandado de prisão expedido para Salomão Júnior, ainda não encontrado pela polícia, mas também não considerado foragido pela Justiça.
 

O advogado da família investigada, Homero Tranquilli, disse à reportagem da EPTV que nesta terça-feira (14) entrará com pedido de liberdade provisória para o filho e para o sobrinho do empresário. Ele argumentou que, mesmo que os produtos apreendidos tenham origem ilícita, não há indícios suficientes para acusar seus clientes de roubo.
 

Apreensão e prisões
 

Segundo Franzini, as cargas apreendidas nesta segunda-feira já tinham sido localizadas pela polícia, mas a origem criminosa dos óleos de cozinha somente foi confirmada por meio de uma seguradora, que havia registrado o roubo em 26 de fevereiro em Jaboticabal.
 

O delegado explica que produtos do mesmo lote foram encontrados tanto em um supermercado pertencente ao próprio Márcio Salomão Junior quanto em outro, do irmão dele. Nos dois estabelecimentos, um filho e um sobrinho do principal suspeito foram presos.
 

Franzino disse não ter pressa de prender Salomão Júnior e que está obtendo evidências ao máximo para sustentar seu pedido de prisão preventiva para o empresário sem deixar brechas para sua soltura. Para ele, as prisões e a apreensão desta segunda-feira reforçam as suspeitas sobre o envolvimento da família nos crimes.
 

“Eu particularmente não tenho dúvida de que se trata de uma organização criminosa. Eles tinham eram organizados, tinham quem mandava, quem executava as operações de receptação”, afirma.
 

Advogado dos suspeitos
 

À reportagem da EPTV, o advogado Homero Tranquilli disse que não há provas para confirmar a ligação da família com os roubos e que vai solicitar, nesta terça-feira, um habeas corpus para o filho e para o sobrinho de Salomão Júnior.
 

Sobre o envolvimento do empresário nos crimes, Tranquilo já havia afirmado que não existem provas contra seu cliente, mas que ele deve se apresentar à polícia assim que for expedido um salvo conduto a seu favor.
 

Investigação
 

Os dois primeiros suspeitos foram presos em flagrante na quarta-feira (8) em um carro roubado e com placas adulteradas, em um canavial próximo à Jardinópolis. Segundo Franzini, eles disseram que o veículo foi encomendado por Márcio Salomão Júnior para praticar um homicídio em Ribeirão Preto (SP).
 

Por uma testemunha, a polícia soube que uma carga de origem duvidosa estava na casa do filho do suposto mandante do crime. No local, a polícia achou 500 caixas de enlatados e uma espingarda. O filho foi preso em flagrante por posse ilegal de armas, mas foi liberado ao pagar fiança de R$ 5 mil.
 

Foram encontradas armas enterradas no canavial onde o veículo roubado estava, bem como em uma chácara em Jurucê, distrito de Jardinópolis. Neste último local, uma advogada, irmã do suposto fornecedor do armamento, atribuiu a ela a posse dos revólveres e apresentou documentos comprovando a propriedade. Mesmo assim, foi presa depois de a polícia encontrar duas armas com mira laser, tecnologia de uso restrito do Exército. Ela obteve um habeas corpus e foi libertada no dia seguinte.
 

Ao investigar a procedência da carga encontrada na noite de quarta, a Polícia Civil chegou, na quinta-feira, a dois supermercados, ambos pertencentes a Salomão Júnior. Além de encontrar alimentos vencidos, em condições sanitárias inadequadas e com preços abaixo dos praticados no mercado, o delegado relatou que não foram localizadas notas fiscais.
 

Durante a abordagem, o filho do dono do supermercado – que na noite anterior havia sido preso por posse ilegal de arma, mas liberado por pagar fiança – foi novamente preso suspeito de coação ao curso do processo – em suposta ameaça a testemunha – e de venda de produto impróprio para consumo.
 

No terceiro dia de operações, o pai de Salomão Júnior, de 72 anos, e o irmão, de 40, foram presos por posse ilegal de munição e por crime contra relação de consumo. As prisões aconteceram quando o terceiro supermercado da rede passava por averiguação. No estabelecimento, além das mercadorias sem procedência, que tiveram que ser retiradas com um caminhão e uma retroescavadeira, a polícia também encontrou cinco projéteis de calibre 38 que não possuíam registro.


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