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29 de Julho de 2014 – 11h35 horas / Diário de S. Paulo

Quatro anos depois de inaugurado pelo então governador José Serra (PSDB), o trecho Sul do Rodoanel  apresenta problemas que obrigaram a concessionária responsável pela via a impedir o trânsito em uma das faixas de uma ponte desde o início do ano.

Os bloqueios têm sido feitos para reparos, ajustes e substituições das juntas de dilatação da ponte sobre a Represa Billings, na altura do quilômetro 66. As obras estão previstas para se estender até setembro.

Durante o período de obras, os caminhões com cargas especiais, com peso bruto total acima de 213 toneladas e largura superior a sete metros, estão suspensos de circular apenas pela pista sentido Mauá, entre as Rodovias Régis Bittencourt (km 30) e Rodovia dos Imigrantes (km 70).

O trecho entre a Rodovia dos Imigrantes (km 70), passando pela  Anchieta (km 75) até a Avenida Papa João 23, em Mauá, está liberado para os grandes caminhões, desde que devidamente autorizado.

A pista contrária, sentido Embu das Artes e Rodovia Régis Bittencourt, permanecerá livre para o tráfego de caminhões com esta característica. As demais cargas especiais continuam a ter o mesmo processo de aprovação de trânsito mediante o envio de relatório específico de viabilização.

As obras que começaram em janeiro têm contribuído para causar congestionamentos na altura do quilômetro 66. Até 25 de junho, foram bloqueados o acostamento e a faixa da direita. Entre 26 de junho e 12 de setembro estarão bloqueadas as faixas da esquerda e central. Neste caso a pista da direita e o acostamento no  sentido Mauá e todas as faixas da outra pista, sentido Rodovia Régis Bittencourt, ficam liberadas para o fluxo de veículos.

O DIÁRIO visitou nesta segunda o trecho. Mesmo fora do horário de pico, ainda assim havia lentidão. Operários trabalhavam na substituições das juntas de dilatação da ponte, algumas com mais de 30 centímetros de largura. Em algumas delas havia também rachaduras.

As obras fazem parte da garantia da rodovia e são executadas pelo Consórcio Queiroz Galvão, contratado pela Dersa na época da construção deste trecho do Rodoanel.

Mario Isa_ professor de Engenharia da Unesp

DIÁRIO_ Com apenas quatro anos de uso uma ponte do Rodoanel Sul está apresentando problemas nas juntas de dilatação. Por que acontece isso?

MARIO ISA_ Esses problemas em geral acontecem por falha na impermeabilização.

DIÁRIO_ E é normal que isso aconteça em tão pouco tempo?

MARIO ISA_É um indicativo de que o material usado não foi o mais apropriado.

DIÁRIO_O que deve determinar a escolha do material a ser usado nesses casos?

MARIO ISA_Um estudo prévio de viabilidade de execução. Numa obra desse porte sabe-se que a demanda será alta, o movimento de caminhões e veículos de grande porte é intenso. Esse estudo deve então nortear a escolha do material a ser utilizado.

DIÁRIO_A vida útil desse material está então proporcionalmente ligada ao tipo de demanda?

MARIO ISA_Sim. O estudo de viabilidade de execução deveria ter mostrado que a exigência é extremamente alta neste tipo de via.

Artesp diz que falha atinge só 0,8% da extensão total da via

A Artesp, agência reguladora de transportes do governo de São Paulo, minimizou os problemas que têm causado bloqueio de vias e lentidão no Rodoanel Sul. “A redução de velocidade é feita por questões de segurança e somente no sentido Mauá, em um segmento de 1,8 quilômetro, o que representa 0,8% da extensão total do trecho sul considerando ambos os sentidos”, disse.

Já a Dersa, responsável pela contratação das obras, afirmou que a necessidade dos reparos na ponte não indica má qualidade na realização  do Rodoanel. “O próprio fato de as intervenções estarem sendo feitas sob a cobertura das garantias contidas no contrato celebrado entre a Dersa e o construtor, sem qualquer ônus para o estado ou para a concessionária SPMar, corrobora o zelo e a atuação responsável desta companhia”, disse a estatal.

O trecho Sul do Rodoanel custou R$ 3,6 bilhões e foi aberto ao tráfego às vésperas da data limite para o então governador José Serra (PSDB) inaugurar obras públicas, no dia 30 de março de 2010, um dia antes dele se licenciar do cargo para se candidatar à Presidência da República. O trecho, de 61,4 quilômetros, foi aberto com dois anos de atraso da data prevista na assinatura do contrato, em 2003.


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