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25 de Junho de 2018 – 14h23 horas / ABC Cargas

Quem trabalha com o transporte internacional de cargas e não direciona o foco para o planejamento logístico pode estar colocando o empreendimento em altos riscos. Essa verdade tem batido na porta de muitas empresas brasileiras que precisam enfrentar os gargalos do setor em dimensões continentais e desestruturadas.

 

Não é nenhuma novidade que as problemáticas com as rotas no país transformam a movimentação dos veículos em uma tarefa complexa e desafiadora. Porém, quando o assunto toma proporções globais, as preocupações ganham novos ramos.

 

Pontos de embarque e desembarque, urgência na entrega, peso da carga, disponibilidade, custo do serviço e frequência são exemplos de critérios que precisam ser avaliados para um bom desenvolvimento das operações.

 

Neste artigo vamos abordar os principais desafios e características desse assunto, em busca de preparar você para o que pode realmente ser um entrave. Continue lendo e confira!

 

O que regula o transporte internacional de cargas na América do Sul?
A melhor maneira de começar a desenvolver esse tema é analisando o que regulamenta essas atividades entre os países. Antes de tudo, quando falamos do transporte internacional de cargas, consideramos a América do Sul, pois trata-se de até onde os caminhões conseguem chegar.

 

Quem deseja acessar os países latinos deve seguir as regras estabelecidas no Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre (ATIT). Firmado em 1990, o ATIT é a maior referência para o transporte internacional de cargas, já que regula tópicos como seguros, a questão aduaneira, o aspecto imigratório e a legislação de trânsito.

 

Além disso, ele funciona como um tipo de garantia para as empresas. Se uma empresa brasileira quiser ingressar na Bolívia, por exemplo, ela precisa obrigatoriamente seguir o ATIT. E se uma empresa boliviana desejar atuar no Brasil, ela deverá acompanhar as mesmas disposições.

 

Vale dizer que o acordo foi escrito e firmado pela Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, estabelecendo as mesmas regras para todos os envolvidos. Em tese, ele cria uma condição de equilíbrio entre todos os operadores, que decorre de uma série de obrigações que devem ser cumpridas.

 

Que dificuldades que o transporte internacional de cargas enfrenta hoje?
O transporte internacional de cargas representa um enorme desafio por diversos motivos. É preciso estar atento às questões legais e operacionais sem perder o foco no custo e no objetivo principal, que é o lucro.

 

O modo como o comércio exterior brasileiro funciona, por si só, já é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas nacionais. Isso acontece porque o Brasil vende muito mais do que compra dos vizinhos do Mercosul.

 

Esse fato, a princípio, pode não parecer importante, mas acaba sendo responsável por um grande desequilíbrio na cadeia. Como resultado, os caminhões saem carregados, mas retornam vazios.

 

Outro desafio vivenciado diariamente são as paralisações constantes nas fronteiras. Esse tipo de evento frequente exige que as empresas se estruturem emendando prazos e despesas de maneira complicada.

 

Na prática, a empresa fica com o caminhão parado e não sabe por quanto tempo a paralisação vai durar. Como todo investimento em uma organização, essa operação tem um custo e ele não é nada barato. As despesas com a mão de obra, tempo sem se movimentar e reposição do próprio veículo só crescem, caracterizando os pontos de fronteira como os principais gargalos.

 

Além da preocupação com paralisações, a questão da fiscalização também figura a lista de empecilhos. A ineficiência desse sistema no país permite uma concorrência desleal, fora da lei e não resolvida. Sendo assim, a competição passa a ser com frotas irregulares que dificilmente são penalizados pela fiscalização.

 

Como se não bastasse, a seguridade da movimentação nunca pode sair do foco. Quem não contrata dois tipos de seguro, um da carga e outro contra terceiros, ficará exposto a altos riscos e possíveis prejuízos futuros. Por sua vez, ambos os tipos de seguros são precificados em dólar.

 

O que esperar do transporte internacional de cargas nos próximos anos?
Assim como o Brasil, diversos países passam por processos políticos que influenciam nas relações bilaterais. A empresa que trabalha com o transporte de cargas só pode faturar se o caminhão circular carregado. E isso depende da política de comércio exterior dos países.

 

Pode-se esperar vantagens e desvantagens no futuro dessa atividade. A predominância do modal rodoviário na América do Sul é muito grande, ampliando os horizontes. Por mais que os problemas nos pontos de fronteira desestimulem o processo, eles estão estruturados e prontos para uso, ainda que o processo não seja sempre operacionalizado da maneira ideal.

 

O incentivo existe e deixa esperança de um melhor uso. Entretanto, por outro lado, o desequilíbrio é latente. De nada adiantará sair do Brasil com um bom frete e incentivos internos, para chegar ao destino internacional e não ter carga de retorno. Quando isso acontece, no final das contas, o que você ganha na ida é perdido na volta.

 

Por sua vez, esse desequilíbrio está ligado às políticas econômicas que os países adotam. Por isso é importante prestar sempre atenção na forma como as relações se movimentam nesse sentido. Dependendo do incentivo, as trocas serão melhores e o transporte poderá ganhar mais flexibilidade.

 

A expectativa geral do mercado é que, passado o momento de turbulência, as coisas melhorem a partir do próximo ano. Não só para o comércio exterior, mas para o comércio interno também, com o aumento do poder de consumo da população.

 

Vale lembrar que nos últimos anos as empresas precisaram ter muita imaginação, segurando ao máximo os custos. No entanto, o ambiente se torna cada vez mais aquecido e já se espera que o jogo comece a virar muito em breve.

 

Uma vez que um mercado consegue antecipar os problemas, o ato de descobrir aquilo que deve ser melhorado passa a ser uma questão mais clara. A economia é cíclica e mesmo que ela esteja em um momento de baixa, pode-se planejar e aguardar pela sua subida.

 

Você deve ter percebido que o transporte internacional de cargas precisa ser conduzido por profissionais especializados no assunto. Se você precisa encontrar as melhores soluções para esse tipo de atividade, aproveite para entrar em contato com a ABC Cargasagora mesmo!

 

Texto desenvolvido através da entrevista realizada com Sônia Rotondo, Diretora de Transporte Internacional e Multimodal da NTC.


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