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13 de Outubro de 2015 – 02h49 horas / G1

O Jornal Nacional mostra como o desperdício de dinheiro público e a burocracia entre  órgãos governamentais podem deixar abandonada uma estrada por quase 30 anos. Ela é a única rodovia que liga Manaus às outras regiões do país. E para piorar, as novas obras de manutenção foram embargadas por problemas ambientais.

Ao longo da estrada, o cenário impressiona: ora asfalto intacto, ora barro puro. Ainda há marcas das lâminas das máquinas no chão. São 877 quilômetros de Manaus até Porto Velho, em Rondônia. O trecho com problemas sérios está no meio da rodovia e tem 400 quilômetros. Na chuva, vira um atoleiro e, no período seco, a viagem fica lenta e perigosa por conta dos buracos que se formam.

Há mais de cem pontes pela estrada, a maioria de madeira em condições precárias. Se trafegar em alguns pontos da BR-319 durante o dia já é complicado, imagina à noite.

A estrada é da década de 1970. Numa época de poucas preocupações com o meio ambiente, o governo militar queria integrar a Amazônia ao Brasil. A rodovia funcionou até 1988.

O que emperra a reconstrução é a questão ambiental. Foram criadas 28 unidades de conservação estaduais e federais na área de floresta em torno da estrada. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) diz que, em dez anos, mais de R$ 80 milhões foram gastos com estudos ambientais para a realização das obras.

No ano passado, o DNIT conseguiu uma autorização para fazer o trabalho de manutenção na estrada, mas, agora, o Ibama embargou a obra e multou o órgão em R$ 7,5 milhões. "O empreendedor estava se utilizando de uma licença ambiental do estudo do Instituto Ambiental do Amazonas que daria a ele uma autorização para fazer a manutenção da rodovia. Não dava autorização para ele fazer a implantação e nem infraestrutura de grande porte nessa rodovia"”, diz o diretor de proteção ambiental do Ibama, Luciano Evaristo.

A estrada ajudaria no desenvolvimento da indústria da região. "Hoje, nós estamos ligados só por duas possibilidades. E isso traria uma terceira, ou ferrovia ou rodovia, barateando certamente o consumo daquilo que se traz de outros estados”, aponta o presidente do Centro de Indústria do Amazonas, Wilson Périco.
Quem mora pela rodovia tem a esperança que este caminho na floresta não desapareça do mapa. “Eu peço a Deus todo dia. Pra Deus nada é impossível né?", diz uma senhora.

O DNIT do Amazonas declarou que não foi notificado do embargo do Ibama e que a obra vai acabar no fim do mês.


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