Reajuste da gasolina e diesel causa impacto a transportadoras e táxis
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12 de Novembro de 2014 – 04h16 horas / Cruzeiro do Sul

O reajuste da gasolina e do óleo diesel, que passou a vigorar na sexta-feira, traz impactos a setores de transporte, como transportadoras e taxistas, mas que, por enquanto, não têm como repassá-lo. A desaceleração da economia faz com que as empresas transportadores absorvam esse aumento, sem ajustar o preço do frete, a fim de não perder clientes frente à concorrência. Para os donos de postos, o aumento também é ruim, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), porque exige maior capital de giro e o custo das operadoras de cartão também aumenta, acompanhando o valor da venda.

As transportadoras evitam reajustar o frete porque o movimento de carga diminuiu. Segundo o proprietário da Rivabren e delegado do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de Sorocaba e Região (Setcarso), Rivail Brenga, "desde o ano passado, o volume de carga transportada caiu." O motivo, para ele, é a desaceleração da economia em todo o País. "As empresas reduziram os pedidos e estão dando férias coletivas." Neste mês, já era para haver um aumento de caminhões nas rodovias, mas muitos estão parados.

A redução de fretes é maior para o setor industrial, diz o empresário. O transporte de alimentos é menos afetado. Os caminhões de sua transportadora buscam leite e farinha de trigo, no sul do País, para serem entregues no Estado de São Paulo. Ele ressalta que, com a atual situação econômica, é impossível aplicar o reajuste do diesel ao frete. Ele explica que já há um índice defasado, dos últimos 12 meses, que seria de 9,66%. Com mais 1,72%, que seria o reajuste a ser passado com o último reajuste do diesel, a defasagem é de 11,38%. Esse percentual, no entanto, terá que ser absorvido pela empresa.

Brenga diz que outros custos entram na planilha das transportadoras e reduzem a margem de lucro. Ele cita os encargos trabalhistas, pedágios, carga tributária e custos com manutenção e peças. "Antes, o preço do diesel era 1/3 do da gasolina. Hoje, está próximo. Além disso, o diesel subiu mais que a gasolina neste último reajuste." O aumento da gasolina foi de 3% e o do diesel, de 5%, nas refinarias, conforme anunciado pela Petrobras na última quinta-feira. Brenga cita ainda a cobrança do eixo levantado dos caminhões, no pedágio, desde o ano passado.

Segundo o empresário, as dificuldades para as transportadoras são semelhantes. "As empresas querem saber de preço. Fazem a cotação e leva quem cobrar menos pelo frete". Também existe a concorrência com transportadoras sediadas em outras regiões e Estados, mas que mantêm depósitos em Sorocaba. "Atualmente, são mais de 200 em Sorocaba", diz ele. A alternativa para reduzir custos foi a terceirização. Cerca de 70% dos caminhões em operação na transportadora de Brenga são dessa forma. Para não deixar o motorista sem trabalho, ele é incentivado a comprar um caminhão e trabalhar como terceirizado.

Taxistas

O reajuste da gasolina também não deve ser repassado pelos taxistas, por enquanto, segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de Sorocaba e Votorantim, Antonio Rodrigues da Silva. A categoria fez pedido de aumento da tarifa à Urbes – Trânsito e Transportes, em junho, mas ainda não houve resposta. O reajuste pretendido é de 5,25% e ocorre uma vez por ano.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas, em Sorocaba e Votorantim há 281 táxis e cerca de 20% usa a gasolina como combustível. Outros 70% o etanol e 10% o Gás Natural Veicular (GNV). Ele lembra que o etanol normalmente acompanha o reajuste da gasolina. Silva acredita que o aumento dos combustíveis, na semana passada, apresse a autorização para o reajuste da tarifa.

Sincopetro

O consumidor pode aproveitar ainda esta semana para abastecer o veículo com preço antigo em alguns postos, porque nem todos repassaram o reajuste porque têm estoque, segundo o presidente da regional do Sincopetro, Jorge Marques. Ao contrário do que muitos podem pensar, o reajuste é ruim para os postos, porque exige capital de giro maior e aumenta o custo com pagamento por cartão, que varia de 2% a 5% do valor da venda, diz Marques. O dono de posto deve ter o capital de giro disponível. "O prazo para o pagamento à distribuidora é pequeno, de até cinco dias", de acordo com o presidente do Sincopetro.

Marques observa que normalmente o etanol segue o aumento gasolina, mantendo-se em cerca de 70%, que é o cálculo em que se compensa abastecer o veículo com o combustível renovável, devido ao rendimento do motor. O aumento também deve afetar o custo operacional das usinas, pois usam máquinas e caminhões movidos a diesel, lembra Marques. Além disso, a cana entra agora na entressafra, o que deve elevar o preço do etanol.

A pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizada nos postos de Sorocaba semana passada, entre os dias 2 e 8 (encerrada após o reajuste nas refinarias), apontou preço médio de R$ 2,788 na gasolina, com mínimo de R$ 2,620 e máximo de R$ 2.945. Para o etanol, o preço médio foi de R$ 1,767, com mínimo de R$ 1,690 e máximo de R$ 1,999.


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