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26 de Janeiro de 2015 – 04h25 horas / G1

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT) afirma que o impacto do aumento nos preços dos combustíveis, como gasolina e diesel, no setor produtivo deve ser de R$ 274 milhões em Mato Grosso nesta safra de soja. O cálculo foi feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O governo federal anunciou nesta semana a necessidade de ampliar a arrecadação de recursos e, uma das medidas para isso inclui o aumento das taxas de juros e de impostos. A Petrobrás anunciou que repassará aos consumidores o aumento nas tarifas.

Segundo os cálculos, o custo da produção de soja deve ficar R$ 51,10 milhões mais caro; o do milho safrinha cerca de R$ 9,48 milhões. Mas é no transporte que a conta deve pesar ainda mais. Para trazer fertilizantes, o aumento deve ser de R$ 36,16 milhões e para escoar os grãos, o custo extra pode chegar a R$ 177 milhões.

Repassar o gasto adicional pode ser difícil, como analisa o gerente de relações institucionais da Aprosoja, Frederico Azevedo. Segundo ele, como os preços das commodities são regulados no mercado internacional, o produtor tem que adequar os custos dele baseado neles, mesmo fazendo operações no mercado interno. “Então ele não tem realmente para quem repassar o custo. O impacto vai ser sentido fortemente pelo produtor no final da cadeia”, diz.

O aumento deve ocorrer a partir de fevereiro, mas os produtores rurais do estado já se dizem preocupados com a notícia. O período é de movimentação intensa de máquinas que são movidas a óleo diesel no campo, com a colheita da soja e semeadura de algodão e milho. Além disso, há o escoamento da safra pelas estradas.

O gerente agrícola Lorenei Busa comenta que qualquer diferença de aumento de preço mexe com os custos da empresa. “Nesse período temos 27 colheitadeiras colhendo simultaneamente. Temos mais algumas máquinas que fazem o plantio de algodão, distribuição de adubo, caminhões puxando a produção, gastamos em torno de 20 mil litros de diesel por dia”, analisa.

Para se ter uma ideia, um trator com 225 cavalos de potência consome em média 28 litros de óleo diesel por hora de serviço, puxando uma plantadeira acoplada. Durante a época de semear o milho safrinha, a máquina fica ligada por pelo menor dez horas por dia, durante quase um mês inteiro.

“Três colheitadeiras, dois tratores e três caminhões rodando. Eu vou ter um consumo diário de diesel de 4 mil litros por dia. Imagine isso onde vai parar a conta”, calcula o gerente de produção, Ademir Cenedese.

O reajuste esperado nas refinarias é de R$ 0,15 por litro do combustível. Nas bombas, o valor pode ser diferentes. O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo) explica que a partir da refinaria, o combustível vai ter um preço novo para a distribuidora, que vai, na sua composição de preços, analisar os elementos que a compõem e fazer um preço novo para o posto, que também tem outros componentes que vão ser analisados para a formatação do preço final ao consumidor. “Então, os percentuais que estão sendo autorizados não são lineares”, diz.


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