Retomada das vendas de veículos fica para 2016, diz Anfavea
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21 de Julho de 2015 – 04h56 horas / Estadão Conteúdo

Com o impacto da piora da crise política sobre a conclusão do ajuste fiscal na economia brasileira, a retomada das vendas de veículos novos no Brasil deve ficar somente para o segundo trimestre de 2016, previu nesta segunda-feira (20), o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan.

Moan, que participou de um seminário sobre perspectivas para o setor promovido pela agência de notícias Autodata, projetou para semestre deste ano uma "estabilidade, com viés de alta".

— No início de junho, quando fizemos revisão de nossas previsões, colocamos claramente que poderíamos ter um início de retomada no último trimestre deste ano, mas, com o adiamento dessa questão [ajuste fiscal], já podemos pensar em uma inflexão da curva no segundo trimestre do próximo ano.

Na avaliação de Moan, a crise política deve atrasar a aprovação das medidas do ajuste no Congresso, o que "nos leva a uma crise um pouco mais prolongada e a um volume de vendas baixíssimo por mais tempo do que imaginávamos".

Para o segundo semestre de 2015, o executivo estimou que o setor deve apresentar um desempenho estável em relação à primeira metade do ano. Ele previu que as medidas de ajuste nos estoques — até maio, equivalente a 47 dias de vendas — devem durar até setembro.

— Não vemos cenário de queda mais acentuada do que já tivemos. Diria muito pelo contrário: podemos até ter alguns indicadores positivos, além da estabilidade com viés de alta.

De janeiro a junho, os emplacamentos acumulam retração de 20,7% ante igual período de 2015, enquanto a produção recua 18 5%.

Para 2015, a Anfavea prevê que serão emplacados 2,779 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em todo o País, o equivalente a queda de 20,6% em relação ao ano passado. Já para a produção, a entidade estima que serão fabricadas 2,585 milhões de unidades, retração de 17,8% ante 2014.
A associação que reúne as montadoras projeta ainda que serão exportados 338 mil veículos neste ano, crescimento de pouco mais de 1% na comparação com o ano passado.

Exagero

Moan ainda avaliou que os dados ruins da indústria automotiva brasileira refletem o "estado de espírito" não só do setor, mas da economia como um todo, inclusive de áreas que, em tese, não deveriam sentir, como o agronegócio.

— Qual a crise real do setor de agronegócio brasileiro? A previsão é de safra recorde. […] Qual é o motivo real que está impactando o mercado? Se pensarmos e nos concentrarmos nesse setor, vamos perceber: há um exagero nesse clima de pessimismo que hoje verificamos no nosso País.

O executivo destacou que a Anfavea vem provendo ações para aumentar as vendas internas e estimular as exportações, como festivais de vendas com descontos e renovação de acordos comerciais com outros países. De acordo com ele, essas ações visam melhorar o nível de confiança dos consumidores.

— A indústria automobilística continua investindo. E continuamos investindo porque sabemos que o momento [de crise] que estamos passando se restringe a um momento.


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