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17 de Dezembro de 2014 – 04h59 horas / Estadão Conteúdo

O governo já decidiu aumentar a mistura de etanol na gasolina a partir do próximo ano para 27%. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, a previsão é que a mudança seja implantada a partir de 1º de fevereiro.
 

A previsão era que o aumento da mistura fosse dos atuais 25% para 27,5%. Mas o sindicato destacou ao governo a dificuldade no controle e medição das frações para os centros de distribuição. "O governo deve oficializar a decisão, embora ainda haja problemas com a Anfavea, que tem preocupação quanto aos motores", afirmou Alísio Vaz.
 

A Agência Nacional de Petróleo, Gas Natural e Biocombustíveis (ANP) já havia autorizado a produção da mistura para realização de testes desde outubro. A mudança deverá acarretar um aumento de cerca de um bilhão de litros na produção de etanol, beneficiando diretamente os usineiros que amargam prejuízos nos últimos anos. Desde 2011, o setor tem perdido mercado, segundo o balanço do Sindicom.
 

Em 2014, as vendas de etanol cresceram 10,4% na comparação com 2013 apesar da perda de competitividade em relação à gasolina. Ao longo do ano, apenas cinco estados (São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná) tiveram etanol a preços competitivos. Já as vendas de gasolina subiram 7,1%, apesar da alta menor nas vendas de veículos, de 2,8%.
 

"Há um clamor dos produtores sobre a situação do etanol. O preço atual não remunera o custo do álcool. Mas se a Cide voltar, o etanol ganha em competitividade. Parte desse ganho vai ser a recuperação dessa competitividade e parte será para recomposição das perdas" afirmou Alísio Vaz.
 

Segundo ele, o Sindicom não fez estudos de projeção do impacto das vendas do setor com o retorno da Cide. Para o presidente, as "projeções econômicas para 2015 são difíceis". Vaz defendeu a previsibilidade dos preços no cenário de volatilidade internacional.
 

"O País não deveria ser o mercado onde os preços não são bem compreendidos. As decisões são feitas com projeções que não são realistas", criticou Alísio Vaz. Segundo ele, sem a previsibilidade o planejamento energético fica comprometido.
 

Para o presidente do sindicato, os escândalos na empresa não devem afetar o abastecimento do País. O consumo de diesel no Brasil cresceu 2,4% no ano "em função da demanda por combustível para o setor de commodities, que tem sustentado o PIB", afirmou Alísio Vaz.
 

"Não há previsão de qualquer problema no abastecimento. O que pode acontecer é a Petrobras continuar importando diesel em função de algum atraso da Refinaria Abreu e Lima, que deu partida há poucos dias", avaliou.
 

"Com a queda de 40% do mercado internacional, é uma questão de tempo para as empresas passarem a importar combustível e revender mais barato que a Petrobras. Elas devem estar se coçando para fazer isso, pois vale a pena", comentou Vaz. "Não sabemos por quanto tempo a Petrobras vai vender acima do mercado internacional para recuperar seus prejuízos", completou.


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