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12 de Janeiro de 2017 – 03h59 horas / Bonde

A política da Petrobras de revisar os preços dos combustíveis de acordo com o mercado internacional mensalmente preocupa o setor de transportes do Paraná. As empresas, que antes negociavam contratos levando em consideração um reajuste do diesel a mais longo prazo, agora terão que buscar novas alternativas de negociação com o valor do insumo flutuando mês a mês.

 

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Marcos Egídio Battistella, a preocupação do setor é grande. "Não estávamos acostumados com esse formato da Petrobras de sobe e desce de preços. Trabalhávamos com seis ou dez meses sem reajustes e conseguíamos negociar com os clientes os aumentos quando eles ocorriam. Agora, teremos que rever a mecânica de negociação com os clientes", comentou Battistella.

 

Para ele, será preciso estudar uma fórmula de repasse automático desses reajustes. As negociações serão de cada empresa com seus clientes. "É mais um complicador na nossa vida. O setor já está sufocado", afirmou.

 

Segundo ele, está difícil negociar o repasse dos reajustes para o preço do frete. "O jeito é absorver uma parte e tentar negociar com os postos e fornecedores", afirmou o presidente. Ele disse que na sua empresa, o aumento da semana passada, já representa um impacto de 3% a 4% no seu custo.

 

O reajuste de 6,1% nas refinarias, anunciado na quinta-feira (5), chegou na manhã seguinte às bombas de combustíveis. Em Londrina, as distribuidoras estão praticando um aumento entre R$ 0,10 e R$ 0,11 por litro. E essa diferença está indo direto para as bombas.

 

"A redução de preço em novembro foi imperceptível, mas o aumento sentimos no dia seguinte e terá que ser absorvido pelas transportadoras, só podemos repassar na renovação dos contratos. Dos dois últimos aumentos, acumulo uma defasagem de 2,8% na tarifa do frete", afirmou o empresário Gilberto Cantú, da Transportes Diamante.

 

"Estamos pagando para trabalhar. Não tem luz no fim do túnel", comentou Carlos Roberto Delarosa, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Londrina, Carlos Roberto Delarosa.

 

Para os caminhoneiros autônomos, a situação é ainda mais complicada, de acordo com Delarosa. Além dos aumentos dos combustíveis, o valor do frete vem baixando, quando há frete. "Um frete de Londrina para Paranaguá está custando entre R$ 48 e R$ 50 a tonelada. Só de pedágio pago mais de R$ 400. Em Rondonópolis (MT), o frete está saindo R$ 80 a tonelada, mas o diesel lá está na faixa de R$ 3,20", reclamou o sindicalista.

 

Ele também ressalta que quando a Petrobras anuncia redução, a queda não chega na mesma velocidade que os aumentos às bombas. "Toda vez que houve baixa no diesel nem chegou para nós." Como os caminhoneiros abastecem com carta-frete, o preço do combustível costuma ser 10% mais caro para eles do que é praticado na bomba.


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