Uma gestão tecnológica mais abrangente nas empresas de transportes
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25 de Outubro de 2016 – 03h31 horas / FETCESP – Flávio Benatti

A melhor viagem técnica que tive a oportunidade de participar foi ao Vale do Silicio, em São Francisco, nos EUA, organizada pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), no período de 10 a 14 de outubro. Recebemos muitas informações nas visitas as empresas Google, Intel, Nokia, Accenture, Oracle, SiliconHouse, Accenture, OTTO, a Yandell Truckaway e a California Trucking Association.

 

A economia de fato é globalizada em todos os aspectos, inclusive em alguns problemas. Na visita à Transportadora Yandell Truckaway conhecemos diretores da California Trucking Association. Conversamos muito sobre como as empresas americanas lidam com as questões trabalhistas e tributárias.  A grande surpresa foi que os problemas deles são muito parecidos com os nossos no Brasil. No momento enfrentam processos judiciais trabalhistas com os transportadores autônomos. As decisões da justiça são encaradas por eles como “paternalistas”.  No caso dos custos com tempo de espera para a carga e descarga, ficamos sabendo que muitas empresas de transportes americanas não cobram de seus clientes, apesar de constar em contrato.


A carga tributária dos EUA também é representativa no setor de transportes diante do quadro econômico americano. A maior diferença está na infraestrutura de transportes americana, que oferece condições para uma maior produtividade nas operações logísticas.

 

Após visitar importantes empresas de tecnologia chego a uma conclusão.  As empresas de transporte brasileiras que não tiveram uma gestão nas áreas administrativas e operacionais totalmente voltada às inovações tecnológicas se tornarão rapidamente obsoletas. A economia globalizada exige tal visão dos empreendedores e gestores, para decisões mais rápidas e custos reduzidos.

 

Nas empresas Google, Intel e Nokia participamos de palestras sobre projetos voltados ao transporte.  Na OTTO, que desenvolve projeto do caminhão autônomo, fomos recebidos por John Stauffer e Mason Feldman principais co-fundadores da start-up. O engenheiro que está à frente do projeto revelou que a caminhão autônomo deve ser lançado no próximo ano.

 

Nos EUA as empresas também enfrentam grande concorrência, mas mantêm rentabilidade em torno de 3% a 5%, graças ao uso da tecnologia. Entendo que precisamos dar os primeiros passos neste sentido.

 

Tudo é muito dinâmico. Por isso entendo que precisamos direcionar ações para difundir as empresas do TRC as novidades tecnológicas voltadas ao setor. Criar uma diretoria de tecnologia para atuar como facilitadora neste processo, e assim buscar uma nova cultura organizacional das empresas com visão mais tecnológica. Os softwares disponíveis são diversos e precisam chegar rapidamente ao alcance das transportadoras.

 

Outra curiosidade é que o transporte nos EUA atualmente está em desregulamento. Mas, nem sempre foi assim. No passado as exigências eram tantas que os embarcadores acabaram derrubando toda a legislação do setor. No momento, as empresas de transportes buscam algum tipo de regramento. Isso tudo me faz questionar.  Será que estamos no caminho certo em buscar mais e mais regras no Brasil? Seria melhor direcionar esforços para mais tecnologia?

 

Flávio Benatti é presidente da FETCESP


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